Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2019 às 17:59
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou nesta terça-feira, 3, ter determinado que o Ministério da Educação (MEC) elabore um projeto de lei contra a "ideologia de gênero" no ensino fundamental. O anúncio foi realizado pelo Twitter e não especifica o que seria considerado um conteúdo inadequado."O AGU (Advocacia-Geral da União) se manifesta sobre quem compete legislar sobre IDEOLOGIA DE GÊNERO, sendo competência FEDERAL", diz postagem (destaques em maiúsculas feitos pelo presidente). No texto, ele justifica que a determinação está "visando princípio da proteção integral da CRIANÇA".Cerca de 30 minutos antes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), havia anunciado o recolhimento de material didático que faria "apologia à ideologia de gênero". "Fomos alertados de um erro inaceitável no material escolar dos alunos do 8º ano da rede estadual", escreveu.>
"Solicitei ao secretário de Educação o imediato recolhimento do material e apuração dos responsáveis. Não concordamos e nem aceitamos apologia à ideologia de gênero", anunciou.>
Voltado a adolescentes de 13 anos, o material citado pelo governador está em um livro de Ciências e foi elaborado pelo próprio Estado. Segundo a Secretaria da Educação, ele chegou às escolas em agosto e a "responsabilidade pela aprovação do conteúdo" está sendo apurada.>
O material traz um texto chamado "Sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual". Ele aborda a diversidade sexual e explica diferentes termos como "transgênero", "homossexual" e "bissexual". No caso de "transgênero", por exemplo, a definição é "pessoa que nasceu com determinado sexo biológico e que não se identifica com o seu corpo.">
Em imagens do material divulgadas nas redes sociais, está circulado o seguinte trecho: "Podemos dizer que ninguém 'nasce homem ou mulher', mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida, em razão da constante interação com o meio social.">
A coleção é chamada de São Paulo Faz Escola, distribuída desde 2008 na rede estadual. O material é dividido por disciplinas, para todos os anos do ensino fundamental e médio.>
No primeiro semestre, a gestão Doria não mandou as apostilas para a escola porque entendia que estavam desatualizadas. Só agora no segundo semestre, os novos materiais foram entregues. Eles são produzidos por equipes da secretaria, com apoio de professores. >
Segundo nota da secretaria da Educação, "o tema de 'identidade de gênero' está em desacordo com a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em 2017 pelo Ministério da Educação, e também com o Novo Currículo Paulista, aprovado em agosto de 2019". >
A nota ainda completa que "o assunto extrapola os dois documentos, que tratam do respeito às diferenças e à multiplicidade de visões da nossa sociedade". O governo anunciou também que vai instaurar uma comissão de especialistas para analisar esse e todos os outros materiais produzidos para as escolas. >
Procurado, o MEC informou que ainda não vai se posicionar sobre o pedido do presidente para elaboração de um projeto de lei sobre "ideologia de gênero".>