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Da Redação
Estadão
Publicado em 30 de junho de 2023 às 13:54
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos, em julgamento com placar de 5 a 2. No início da tarde desta sexta-feira (30), a ministra Cármen Lúcia seguiu o relator, Benedito Gonçalves, a favor da condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, formando a maioria da Corte contra o ex-presidente. Logo em seguida, votaram Kássio Nunes Marques, contra a inegibilidade, e o ministro Alexandre de Moraes, que seguiu o relator. A defesa de Bolsonaro deve recorrer.>
Cinco dos sete ministros, portanto, consideraram que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A ação, proposta pelo PDT, focava na reunião de julho do ano passado em que Bolsonaro convidou embaixadores estrangeiros e fez afirmações falsas sobre o processo eleitoral, dizendo que se tratavam de dados oficiais.>
Durante seu discurso, a ministra Cármen Lúcia destacou que o que está em análise no julgamento "não é um filme, o que está em apreciação é a cena", em referência à reunião de Bolsonaro com embaixadores realizada no Palácio do Alvorada em julho de 2022. "É aquilo que aconteceu e sobre o qual não se converte nos autos", acrescentou>
Segundo ela, a Constituição brasileira estabelece que a normalidade e a legitimidade das eleições devem ser protegidas em relação ao abuso de cargo e função pública, além dos meios de comunicação. No encontro, transmitido pela TV Brasil e pelas redes sociais do então presidente, Bolsonaro levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral e a parcialidade de magistrados.>
Já o ministro Nunes Marques pontuou que o processo que analisa a inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos não julga simpatia política, nem o sistema eletrônico de votação. "É sobre a materialidade dos fatos que devemos decidir", disse o ministro. >
"Guardo compreensão que este caso, por tratar especificamente de abuso nas eleições para o cargo de Presidência da República, deve ter prevalência quanto à visitação da nossa jurisprudência", declarou. De acordo com ele, a realização da reunião dos embaixadores não está "deslocada dos fatos que marcaram o último ano do mandato do ex-presidente".>
No discurso, Nunes Marques pontuou que constatar que a reunião com embaixadores se tratava de ato eleitoral "não implica juízo definitivo sobre o tema".>
Já Alexandre de Moraes fez um voto bastante duro, criticando Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente atacou a lisura do processo eleitoral "que o elege há 40 anos". >
"Isso não é exercício de liberdade de expressão, isso é conduta vedada", disse Alexandre de Moraes. "Ao fazer isso, utilizando-se do cargo de presidente da República, do dinheiro público, da estrutura do Palácio da Alvorada, da TV pública, é abuso de poder", comentou o magistrado.>
Segundo ele, a reunião seguiu um "modus operandi", que já havia sido praticado em diversos episódios, de bombardear eleitores com desinformação.>
"Não há necessidade de avaliar fatos anteriores ou posteriores, há necessidade de avaliar reunião", pontuou o presidente do TSE.>
Na fala, o magistrado citou episódios em que o TSE sofreu ataques e foi alvo de desinformação "para angariar mais votos, mais eleitores".>
Moraes acusou de mentira por parte de Bolsonaro a alegação de que houve acesso a urnas e ao código fonte por um hacker. "Todos sabemos que as urnas são offline, tudo querendo insinuar fraude", disse.>
Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022, o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto (PL) foi absolvido de qualquer condenação pela maioria dos ministros, durante julgamento ontem. A ministra também votou pela absolvição de Braga Netto.>
A reunião com embaixadores foi transmitida pela TV Brasil e pelas redes sociais do então presidente. Nela, Bolsonaro levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral e a parcialidade de magistrados.>
Com a declaração de inelegibilidade, Bolsonaro ficará impedido de participar das eleições de 2024, 2026 e 2028. Daqui a oito anos, Bolsonaro terá 76 anos de idade.>