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Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2019 às 16:04
- Atualizado há 2 anos
A viúva de Paulo Freire, Ana, afirmou em entrevista que os ataques constantes do presidente Jair Bolsonaro ao educador, morto em 1997, funcionam como propaganda para quem ainda não conhecia o trabalho do seu marido. Escritos inéditos de Freire foram lançados essa semana na Bienal do Rio.>
"Direitos humanos e educação libertadora" traz anotações de quando Freire foi secretário municipal da educação de São Paulo, de 1989 e 1991. Ana Freire foi uma das organizadoras do livro.>
"Ele está estimulando a venda de livros de Paulo. Muita gente que nunca leu está comprando o livro para ler", diz em entrevista à coluna de Guilherme Amado, na Época.>
Ana diz que a organização do livro durou cinco anos. Durante o governo Michel Temer, a situação não era tão favorável, afirma, "mas havia um certo respeito". "uando o atual presidente se candidata, ele começa a dizer que vai com um lança-chamas na biblioteca da Universidade de Brasília para queimar tudo e que acabaria com Paulo Freire. Ele não sabe o que Paulo fez, o que era e o que é. E que não é fácil exterminar essa imagem altamente dignificada de Paulo", diz.>
Para a viúva, as falas de Bolsonaro estimulam as vendas dos livros do marido. "Muita gente que nunca leu está comprando o livro para ler. "Que histórias têm esse homem que é tão odiado por essa elite da extrema-direita do Brasil? Por que é tão odiado?" As pessoas querem saber".>
Questionada sobre os cortes na área da Educação, Ana afirmou que a intenção do governo é que "a educação chegue ao limite". "Estamos tristes, humilhados", afirma. A gestão de Abraham Weintraub à frente da pasta foi classificada por ela de "um desastre". "Ele não entende nada de Educação. Tudo o que ele propõe e diz é absurdamente ridículo. Fica dançando de guarda-chuva", diz, em referência a um post que o ministro fez no Twitter zombando do que chamou de fake news.>
Por fim, a viúva afirmou que o método de Freire não foi de fato usado no país. "Falam que a educação está assim porque o Brasil seguiu Paulo Freire. O Brasil não seguiu o Paulo, infelizmente. Se tivesse seguido, estaríamos em outro nível de educação".>