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Carol Neves
Publicado em 1 de setembro de 2025 às 09:56
Durante a megaoperação realizada na última quinta-feira contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), o empresário Rafael Renard Gineste tentou escapar utilizando uma lancha. A cena foi registrada em vídeo divulgado pelo programa Fantástico, da TV Globo, que mostra o momento em que ele é rendido por agentes federais. Em uma das imagens, um policial grita: "Jogou fora o celular. Polícia Federal!">
Rafael foi detido em Bombinhas, no litoral de Santa Catarina. A prisão ocorreu após policiais não conseguirem localizá-lo em um condomínio de luxo em Curitiba (PR). Ele estava acompanhado de uma mulher que também foi presa. Rafael é sócio-administrador da F2 Holding Investimentos, empresa sediada no Paraná.>
Além dele, outras cinco pessoas foram presas: João Chaves Melchior, ex-policial civil; Ítalo Belon Neto, empresário do setor de combustíveis com histórico de sonegação desde 2001; Rafael Bronzatti Belon, proprietário da Tycoon Technology e do banco digital Zeit Bank; Gerson Lemes; e Thiago Augusto de Carvalho Ramos, também empresário do setor de combustíveis em Curitiba.>
Ao todo, oito suspeitos ainda estão foragidos e foram incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. Entre eles está Mohamad Hussein Mourad, conhecido como "João", "Primo" ou "Jumbo", apontado como o "epicentro" do esquema. Mohamad foi preso em flagrante em 2010 por tentativa de suborno a policiais civis e, na ocasião, foram encontradas munições de metralhadora calibre .50 em sua posse.>
Outros foragidos são Roberto Augusto Leme da Silva, o "Beto Louco", considerado "colíder" da organização criminosa; Daniel Dias Lopes, uma figura-chave do esquema por suas conexões com distribuidoras de combustíveis ligadas a Mohamad; Miriam Favero Lopes, esposa de Daniel e sócia em empresas envolvidas nas fraudes; Felipe Renan Jacobs, empresário do setor de combustíveis; Renato Renard Gineste, também empresário na área; Rodrigo Renard Gineste, dono de uma rede varejista de roupas; e Celso Leite Soares, proprietário de uma empresa de cultivo de cana-de-açúcar no interior paulista.>
A operação, denominada "Carbono Oculto", é considerada a maior já realizada no país contra o crime organizado. Uma força-tarefa com 1.400 agentes da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público de São Paulo cumpriu 200 mandados de busca e apreensão em dez estados, visando 350 alvos envolvidos no esquema.>
As investigações revelaram um esquema bilionário no setor de combustíveis, com sonegações que chegam a R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais. A Receita Federal identificou movimentações financeiras de até R$ 52 bilhões em nome do PCC.>
Além disso, o esquema usava fundos de investimento para ocultar patrimônios ilícitos, com indícios claros de ligação com o PCC. Transações de compra e venda de imóveis e títulos entre empresas do mesmo grupo eram frequentes. Ao todo, foram identificados 40 fundos de investimento controlados pela organização criminosa, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões. Essas operações eram realizadas no mercado financeiro de São Paulo, especialmente por membros infiltrados na Avenida Faria Lima.>