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Wendel de Novais
Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 10:59
Uma mulher de 55 anos entrou na mira de uma ação por suspeita de fingir ser advogada para prestar atendimento a integrantes de facções criminosas custodiados no sistema prisional do Espírito Santo e intermediar a comunicação dos criminosos com comparsas fora das prisões. Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua residência, em Cachoeiro de Itapemirim, os agentes encontraram duas carteiras da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e diversos bilhetes provenientes de unidades prisionais.>
A mulher manteve contato direto com facções criminosas e realizou ao menos 218 atendimentos a internos do sistema penitenciário capixaba, muitos deles em presídios de segurança máxima. As investigações apontam que ela atuava como intermediária na troca de mensagens entre presos e pessoas fora das unidades, além de protocolar procurações em processos judiciais.>
Segundo a Polícia Civil, entre os detentos atendidos pela falsa advogada estariam integrantes e lideranças de organizações criminosas como o Comando Vermelho (CV), o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outros grupos atuantes no país. Para acessar os traficantes, ela teria apresentado um certificado fraudulento de aprovação no Exame da OAB, datado de 1992 — mais de duas décadas antes da conclusão do curso de Direito, que ocorreu apenas em 2015. >
Falsa advogada presa em operação
No entanto, o documento falso teria sido produzido a partir de um modelo obtido na internet. Com esse certificado, a investigada solicitou por e-mail, em outubro de 2017, a emissão de uma segunda via do documento à OAB da Paraíba. As apurações começaram em agosto, após o Ministério Público Estadual encaminhar uma Notícia de Fato para averiguar a regularidade da inscrição da mulher na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional da Paraíba (OAB/PB).>
A ofensiva, denominada Operação Falsária, foi realizada por policiais da Delegacia de Polícia (DP) de Marataízes, com apoio da área de Inteligência da Polícia Penal do Espírito Santo (PPES). O objetivo foi reunir provas sobre a suposta atuação ilegal da investigada e esclarecer a origem dos documentos utilizados por ela. A partir desse procedimento, conseguiu efetivar sua inscrição como advogada e obter a carteira profissional de forma remota, sem checagem rigorosa.>
Levantamentos feitos junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) não identificaram qualquer aprovação da suspeita nos exames da ordem realizados entre 2015 e 2017. Posteriormente, a própria OAB/PB confirmou a existência de fraude na documentação apresentada.>