Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 30 de junho de 2025 às 10:34
A família da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, solicitou uma nova autópsia do corpo da jovem, que morreu após uma queda na trilha de um vulcão no Monte Rinjani, na Indonésia. A decisão, que foi divulgada na manhã desta segunda-feira (30), acontece após os exames feitos no país onde a jovem se acidentou concluírem que a morte foi causada por ferimentos internos cerca de 20 minutos depois de uma queda. >
Ao divulgar a decisão, a família pediu celeridade da Justiça Federal. “Com o auxílio da Prefeitura de Niterói, acionamos a Defensoria Pública da União (DPU-RJ), que imediatamente fez o pedido na Justiça Federal, solicitando uma nova autópsia. [...] Acreditamos no Judiciário Federal Brasileiro e esperamos uma decisão positiva nas próximas horas”, escreveu em nota nas redes sociais. >
A autópsia da Indonésia, divulgada na última sexta-feira (27), concluiu que a causa da morte foi trauma torácico grave provocado por impacto de alta intensidade, o que levou a danos internos e uma hemorragia severa. >
Juliana Marins
Avaliação do médico >
"Encontramos arranhões e escoriações, bem como fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa. Essas fraturas ósseas causaram danos a órgãos internos e sangramento", detalhou o médico legista Ida Bagus Putu Alit, do Hospital Bali Mandara. O corpo também apresentava escoriações generalizadas e ferimentos na cabeça, mas sem sinais de hérnia cerebral. "A vítima sofreu ferimentos devido à violência e fraturas em diversas partes do corpo. A principal causa de morte foram ferimentos na caixa torácica e nas costas", acrescentou. >
Para o legista, todos os sinais apontam que ela não agonizou muito após os ferimentos. "Observamos, por exemplo, um ferimento na cabeça, mas sem sinais de hérnia cerebral, uma condição que costuma se desenvolver após várias horas ou dias do trauma. O mesmo se aplica ao tórax e ao abdômen: houve sangramento intenso, mas nenhum sinal de retração nos órgãos que indicasse hemorragia lenta. Esses elementos reforçam que a morte aconteceu logo após os ferimentos", afirmou. Não ficou claro se esses ferimentos seriam da queda original ou dos dias seguintes, quando Juliana continuou a cair mais na encosta. >
Juliana usava roupas leves no momento do acidente, com calça jeans, camiseta, tênis e luvas, o que seria inadequado para o frio abaixo de 10 °C que faz na região de alta altitude nas madrugadas. Apesar disso, a hipótese de hipotermia foi descartada com base na análise dos tecidos corporais. “Não havia sinais típicos, como lesões nas extremidades ou coloração escurecida nos dedos. Isso nos permite afirmar com segurança que a hipotermia não foi a causa”, disse Alit. >
O legista diz que cravar a hora exata da morte é difícil por conta de variáveis como a distância de onde o corpo veio trazido e pelo fato de ter sido mantido congelado até ontem. "No entanto, com base em sinais observáveis, estima-se que a morte tenha ocorrido logo após os ferimentos", acrescenta. >
Acusações de negligência >
A operação foi duramente criticada nas redes sociais. Internautas brasileiros acusaram as autoridades indonésias de lentidão e descaso. Comentários inundaram perfis da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas) e do presidente do país, Prabowo Subianto, questionando a demora no envio de helicópteros e a efetividade da equipe de salvamento. >
A família de Juliana também manifestou indignação. Por meio da conta @resgatejulianamarins no Instagram, representantes afirmaram que pretendem buscar por justiça. “Juliana sofreu negligência grave por parte da equipe de resgate. Se tivessem conseguido salvá-la dentro das sete horas estimadas, Juliana ainda estaria viva”, diz uma das postagens. “Juliana merecia mais! Agora buscaremos justiça.” >
As autoridades indonésias, no entanto, defenderam a atuação dos socorristas. O chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani, Yarman Wasur, disse que o resgate seguiu os protocolos padrão e que o terreno difícil, aliado ao clima instável, atrasou a operação. “Rinjani é um local extremo, e a mudança constante do clima dificulta a ação da equipe”, afirmou. >