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Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2021 às 11:46
- Atualizado há 2 anos
A Fifa observa com atenção uma eventual influência política do Governo Federal na gestão da CBF. O estatuto da entidade que comanda o futebol proíbe a interferência externa nas atividades de qualquer federação internacional, ou seja, governos não podem influenciar na gestão do futebol de seus países.>
Fontes ligadas ao comando da entidade acompanham, em estado de alerta, a crise sobre a realização na Copa América no Brasil, mas ainda não há sinais da abertura de uma investigação. Caso fique provada uma ingerência, as punições podem ir de suspensão até a exclusão das confederações de torneios organizados pela Fifa.>
Questionada pelo Estadão, a Fifa ainda não se pronunciou oficialmente. Mas o sinal amarelo foi aceso nos escritórios de Zurique, na Suíça, diante da possibilidade de o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter pedido a demissão de Tite do cargo de treinador da seleção brasileira ao então presidente da CBF, Rogério Caboclo. "A minha participação na Copa América é abrir o Brasil para que ela fosse realizada aqui. Já tem os quatro estados acertados, tudo certinho. No tocante a jogador, técnico, estou fora dessa. Não tenho nada a ver com isso aí", afirmou Bolsonaro. Caboclo também afirmou que não pensou em demitir o treinador em entrevista à ESPN Brasil.>
Outros episódios também estão no radar dos dirigentes da entidade internacional. No dia 31 de maio, após a desistência da Argentina, a Conmebol se preparava para anunciar o cancelamento do torneio quando o presidente da entidade, Alejandro Domínguez, sugeriu o Brasil como nova sede. O torneio só foi transferido para cá depois do aval do Governo Federal. Depois da confirmação, Dominguez agradeceu Bolsonaro. O "muito obrigado" se repetiu no anúncio das cidades-sede. Além disso, o presidente deve estar presente na abertura do torneio, domingo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.>
Em 2019, na última edição da Copa América no Brasil, Bolsonaro foi chamado pelos atletas para ir ao campo para celebrar o título. O presidente tirou fotos com os atletas. A Conmebol evitou que o presidente da República entregasse o troféu para a seleção.>
Embora o estatuto da Fifa traga a proibição expressa contra interferência externas, o ato de investigar em profundidade essas situações não é comum. Isso vem ocorrendo apenas ocorre em situações urgentes, quando uma ação governamental afasta o comando da administração da entidade. Isso já aconteceu duas vezes neste ano. A Fifa puniu o Chade e o Paquistão, inexpressivas no cenário internacional do futebol. No Chade, o governo local assumiu o comando da Confederação de Futebol. No Paquistão, manifestantes assumiram o controle da Federação. As duas foram suspensas.>
Redes Sociais Os atritos entre Tite e o comando da CBF começaram na semana passada, quando o Governo Federal e a entidade aceitaram o pedido da Conmebol para que a Copa América fosse realizada no Brasil. Jogadores e a comissão técnica não foram consultados. Por isso, as entrevistas coletivas foram canceladas ao longo da semana. Internamente, os atletas também criticaram o fato de a própria CBF, organizadora do torneio, não ter se manifestado. Os atletas prometem falar sobre o torneio nesta terça-feira, diante do Paraguai. A Conmebol não deve reprimir manifestações sobre o torneio, desde que sigam as regras da Fifa.>
Quando deixou clara sua oposição ao torneio no País, Tite foi alvo de manifestações de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashtag #ForaTite, movimento pedindo a saída do técnico, ganhou espaço nas redes sociais. Internautas chamaram o treinador de "esquerdopata" e "lacrador" por conta de um possível boicote ao torneio.>