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Larissa Almeida
Publicado em 22 de julho de 2025 às 17:59
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), proibiu nesta terça-feira (22) a realização de reuniões de comissões permanentes entre os dias 22 de julho e 1º de agosto. A decisão foi publicada em edição extra do Diário da Câmara. >
A medida ocorreu no momento em que deputados da oposição, especialmente do Partido Liberal (PL), articulavam sessões com pautas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo durante o recesso informal, as comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores haviam convocado reuniões para o dia.>
Esses colegiados são presididos por deputados bolsonaristas e tinham na pauta moções de apoio ao ex-mandatário, que foi alvo recente de novas medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).>
A suspensão das atividades provocou reação no Congresso. O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública, afirmou que havia quantidade mínima de participantes para a realização da comissão e conduziu uma reunião informal. “É uma decisão que nos impede de manifestar nossa opinião, nossa palavra”, declarou.>
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) foi além e acusou a presidência da Câmara de adotar medidas para inviabilizar os encontros. Segundo ela, o ar-condicionado foi desligado por ordem de Hugo Motta, o que teria causado mal-estar em uma assessora.>
Jair Bolsonaro era aguardado nas reuniões das comissões nesta terça, mas cancelou sua participação de última hora. Segundo aliados, ele foi aconselhado a não comparecer após alerta sobre possível descumprimento das medidas impostas pelo STF, já que sua presença poderia abrir caminho para uma prisão preventiva.>
Mesmo sem ir ao Congresso, o ex-presidente permaneceu em Brasília e passou a manhã na sede do PL. O líder do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ter recomendado pessoalmente que o ex-presidente evitasse o Legislativo.>
As reuniões que acabaram frustradas faziam parte de uma reação política articulada na véspera, após encontro com Bolsonaro. A estratégia inclui a criação de grupos de mobilização, apoio à anistia de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e novos pedidos de impeachment contra ministros do STF, com foco em Moraes.>