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IPTV: tudo que se sabe sobre o esquema bilionário de streaming pirata desmontado no Brasil

My Family Cinema, TV Express e outros serviços ilegais foram derrubados após investigação internacional

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 18:05

Aparelho de IPTV
Aparelho de IPTV Crédito: Shutterstock

A recente queda de plataformas de streaming pirata como My Family Cinema e TV Express foi consequência direta de uma grande operação deflagrada na Argentina. A investigação, que desmontou um esquema internacional de transmissão ilegal de conteúdo audiovisual, revelou um negócio que movimentava entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões por ano (até R$ 1 bilhão), com foco predominante em clientes brasileiros, segundo o G1.

A operação que derrubou as plataformas ilegais de IPTV revelou a dimensão do mercado clandestino de streaming: no Brasil, o número de assinantes desses serviços superava o das maiores operadoras legais de TV paga. Segundo a Alianza - entidade que reúne empresas como Disney, Globo, Sky e Conmebol -, cerca de 4,6 milhões de brasileiros utilizavam as plataformas piratas, superando a base de Claro (4,2 milhões) e Sky (2,1 milhões), conforme dados do UOL.

Operação iniciou na Argentina

O Ministério Público Fiscal de Buenos Aires iniciou a apuração formal em setembro de 2024, após a Alianza - associação latino-americana de combate à pirataria audiovisual - apresentar denúncias contra o aplicativo MagisTV (também conhecido como UniTV e HTV). O serviço oferecia acesso ilegal a filmes, séries e transmissões esportivas.

Usuários reclamam após interrupção de serviço pirata por Reprodução

Representantes da entidade chegaram a comprar TV boxes equipadas com o sistema para entender a operação. A Justiça argentina autorizou, em agosto de 2025, buscas em quatro escritórios que serviam de fachada para o grupo. Um deles contava com cerca de 100 funcionários contratados legalmente, setor de RH e toda a estrutura empresarial regularizada.

Equipamentos e criptomoedas apreendidos

Durante as ações, as autoridades apreenderam 88 notebooks, 37 discos rígidos, 10 pen drives e 568 cartões de recarga usados para liberar o conteúdo nas TV boxes. Também foram encontrados 9,4 milhões de pesos argentinos (R$ 35 mil), US$ 3.900 (R$ 21 mil) e carteiras digitais com US$ 120 mil (R$ 640 mil) em criptomoedas.

A Alianza estima que os aplicativos somavam 6,2 milhões de assinantes ativos, sendo 4,6 milhões no Brasil. Durante o Mundial de Clubes de 2024, o número chegou a 8 milhões, impulsionado pelo interesse em transmissões esportivas. Os pacotes custavam entre US$ 3 e US$ 5 mensais (R$ 16 a R$ 27), o que despertou a atenção de ligas como a La Liga, que passou a colaborar com as investigações.

Segundo as autoridades, a Argentina funcionava como sede administrativa, enquanto a infraestrutura técnica estava hospedada na China, o que explica a manutenção temporária dos serviços após as batidas policiais.

Serviços fora do ar

Até agora, 14 plataformas foram derrubadas, entre elas My Family Cinema, TV Express, Eppi Cinema, Vela Cinema, Cinefly, Vexel Cinema, Humo Cinema, Yoom Cinema, Bex TV, Jovi TV, Lumo TV, Nava TV, Samba TV e Ritmo TV. A expectativa é de que esse número dobre até o fim de novembro.

Após o “apagão” das plataformas, reclamações se multiplicaram em sites como o Reclame Aqui, com consumidores pedindo reembolso e relatando que os vendedores desapareceram. As investigações também confirmaram que o Brasil era o principal mercado da operação, embora as bases de marketing e vendas funcionassem em Buenos Aires e as áreas técnica e financeira fossem operadas a partir da China.

Embora as ações tenham se concentrado em território argentino, o principal mercado era o Brasil. “No Brasil, há um mercado enorme. Com certeza, há alguém no Brasil investigando. Mas ninguém tentaria procurá-los em um país com um mercado menor porque imaginariam que o negócio não estaria baseado lá”, afirmou Jorge Alberto Bacaloni, presidente do conselho da Alianza.

Ele acrescentou que “com os problemas em relação ao câmbio, a Argentina é um país muito barato. E é um país com pessoas muito qualificadas para administrar esses serviços”. A entidade também confirmou que ex-executivos e funcionários de grandes empresas de mídia estavam envolvidos no esquema.

Alerta da Anatel sobre TV Box

Mesmo sem participação direta na investigação, a Anatel reforçou o alerta sobre o uso de TV boxes não homologadas. “O processo de homologação é realizado para garantir que o equipamento atenda aos requisitos técnicos definidos pela Anatel em relação à emissão de radiofrequências, à segurança cibernética e ao uso regular das redes de telecomunicações”, informou a agência.

A Anatel mantém parceria com a Alianza, a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) para combater o uso de aparelhos e serviços ilegais. “Além de possibilitar a pirataria, TV Boxes piratas podem interferir em outros aparelhos legítimos e permitir ataques hackers às redes de seus usuários”, alertou o órgão.

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Pirataria Iptv