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'Já vi muito coisa difícil, mas nada se compara a isso', diz médica que ajudou a tirar corpos da mata

Médica foi ao local na tentativa de socorrer feridos da operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, mas só encontrou corpos em decomposição

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 16:44

Moradores recolhem corpos na zona norte do Rio de Janeiro
Moradores recolhem corpos na zona norte do Rio de Janeiro Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

Assim que soube das mortes na operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, a mais letal da história do estado, a médica Maria Sampaio se dirigiu a Penha na tentativa de poder atender voluntariamente os possíveis feridos no confronto. No entanto, ao chegar na comunidade, entendeu que não poderia fazer mais nada para ajudar a salvar vidas: "Não tem nada para fazer aqui. Achei que iria encontrar pessoas feridas, precisando de atendimento médico, mas só há pessoas mortas, todas já em estado de decomposição", lamentou, em entrevista ao jornal Extra, do Rio.

Embora esteja acostumada a lidar com situações delicadas, Maria não escondeu o horror diante da cena: "Eu trabalho como médica há 3 anos, já vi muito coisa difícil, mas nada se compara a isso". Assim que chegou na Penha ela se deparou co, uma fileira de corpos estendidos na pista. Atordoada pela situação, decidiu subir a mata com moradores para tentar retirar outros mortos. "A gente subiu, consegui ajudar na remoção de um corpo, mas, com certeza, tem muito mais para chegar".

Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro por Tomaz Silva /Agência Brasil

Desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira, moradores da Penha recuperam corpos na região de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. O número de mortos ligados à megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha pode chegar a 132. Somente entre a noite de terça-feira e (28) a manhã desta quarta (29), moradores já levaram 68 corpos até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, além dos 64 óbitos já confirmados pelas autoridades ontem.

Os corpos foram recolhidos de uma área de mata e colocados pelos moradores na praça, onde equipes da Defesa Civil atuam para fazer a remoção. O cenário ocorre um dia depois da ação policial que já era considerada a mais letal da história do Rio, com os 64 óbitos oficialmente confirmados - segundo a polícia, 60 suspeitos e 4 policiais.

Com o alto volume de cadáveres, o Instituto Médico-Legal (IML) do Rio funcionou de forma restrita nesta quarta, recebendo apenas vítimas da operação. A Polícia Civil informou que outros casos que precisem de necropsia serão direcionados ao IML de Niterói.