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Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2016 às 18:18
- Atualizado há 3 anos
A juíza do plantão noturno Angélica Costa decidiu não opinar sobre os quatro pedidos de afastamento do delegado Alessandro Thiers, responsável pela investigação do caso do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, que aconteceu na semana passada, no Rio de Janeiro.Os pedidos foram feitos por Eloisa Samy Santiago, que defende a menor junto com a advogada Caroline Bispo. Segundo o documento, a juíza não recebeu os termos do inquérito policial instaurado para "uma melhor avaliação de qualquer medida judicial a ser deferida".(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)De acordo com informações do jornal 'O Globo', durante a madrugada, Eloísa Samy publicou um texto em seu Facebook afirmando que a juíza já havia decidido pelo desmembramento do inquérito. Os pedidos serão, agora, enviados ao juiz competente. O Tribunal de Justiça informou que ainda não há nenhuma determinação judicial. "Não vislumbro a presença de elementos háveis a permitir, de forma segura, o deferimento das medidas postuladas, ao menos por ora. Verifico que o mesmo não foi suficientemente instruído a permitir de forma segura a atuação deste plantão noturno, devendo o pleito ser analisado perante o juízo competente, pois, não sendo desta forma, estaríamos usurpando a competência do juiz natural da casa", escreveu a juíza em sua decisão.>
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Pedido de afastamentoO Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) já havia se manifestado favorável ao desmembramento do inquérito. Na noite de sábado (28), os promotores do MP se reuniram com as advogadas da adolescente, que fizeram questionamentos em relação às investigações da Polícia Civil e a forma como o delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), vinha atuando no caso, segundo elas "de forma machista e misógina".>
Os promotores atenderam a três dos pedidos das advogadas, inclusive sobre a necessidade de desmembramento do caso, mas não se posicionaram contra o afastamento do delegado por entender que essa era uma atribuição da Polícia Civil.>
O Ministério Publico também se mostrou favorável a que se averigue se o delegado da DRCI infringiu, durante o depoimento, o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).Advogada tinha comemorado afastamento do delegado, acusado de tratar o caso com machismo e misoginia: 'Vitória das mulheres', escreveu ela nas redes sociais(Foto: Reprodução)Violência contra mulherO estupro coletivo da adolescente chocou o Brasil e o mundo. Segundo a vítima, ela acordou drogada e na presença de 33 homens armados em uma casa no morro São José Operário, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro.>
Um vídeo mostrando o crime foi divulgado na última quarta-feira (25), na internet, por um dos 33 homens que participaram da violência e causou revolta. Segundo a avó da menina, o crime foi premeditado pelo ex-namorado dela, por achar que estava sendo traído. Nas redes sociais, a jovem falou sobre o caso e agradeceu o apoio que tem recebido. "Hoje me sinto um lixo", disse ela.>
Diversos artistas famosos e grupos que lutam contra o machismo repudiaram o crime e a publicação das imagens. Feministas de todo o país se uniram para protestar em diversas cidades e pedir o fim da cultura do estupro.Estupro foi filmado e divulgado nas redes(Foto: Reprodução)>