Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2022 às 12:52
- Atualizado há 2 anos
A mãe de Isabele Ramos, jovem que foi morta com um tiro na cabeça pela amiga em Cuiabá, em 2020, lamentou nesta quinta-feira (9) a liberação da adolescente que matou a filha. A jovem foi solta ontem. >
"Estou indignada, surpresa, aflita. Minha filha não foi morta com uma arma de gatilho simples, mas uma arma que teve que ser municiada, alimentada e carregada. A atiradora era perita nisso", disse Patrícia Ramos ao G1.>
A adolescente de 16 anos foi condenada pela morte da amiga. Uma decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) decidiu pela soltura dela na noite de ontem. >
Ao invés de homicídio doloso, a Justiça passou a considerar o crime como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, beneficiando a adolescente. >
A mãe da vítima não concorda com a mudança. "(Isabele) foi morta sem qualquer chance de defesa. Desqualificar esse crime de doloso para culposo é inconcebível. Não vou me calar diante de tamanho absurdo", diz.>
A adolescente cumpria pena de três anos no Lar Menina Moça, na capital do Mato Grosso. Ela ficou internada, ao todo, por 1 ano e cinco meses. >
Na decisão, os desembargadores se dividiram, com dois deles optando por manter a sentença de condenação da adolescente e outros dois afirmando que ela deveria ser alterada. Com o empate, permaneceram os dois votos pela alteração. >
O Ministério Público pode recorrer da decisão.>
Inquérito Para a polícia, a adolescente deixou o estojo com uma das armas em cima de um móvel no quarto dela. Foi até o banheiro, e dentro dele, disparou contra Isabele a 20 ou 30 centímetros de distância, em uma altura de 1,44 centímetros. O tiro entrou no nariz e saiu pela nuca.>
A defesa da garota que atirou afirma que não houve intenção e que o disparo foi acidental. A adolescente teria disparado sem querer ao tentar segurar a case que caiu no chão.>
A polícia conclui que a menina tinha consciência dos riscos ao apontar a arma para a amiga. Ela treinava tiro com o pai, que é empresário, e tinha conhecimento técnico, afirmou o delegado Wagner Bassi, da Delegacia Especializada no Adolescente. >
"Era uma adolescente treinada, capacitada. Quando fazemos treinamento de tiro, antes de pegar na arma, aprendemos uma situação que chama segurança. Aprendemos a desmuniciar e olhar se a arma está carregada. Ela tinha capacitação de segurança", considerou. >
A arma usada no crime era da família do namorado da jovem que disparou. O adolescente de 16 anos levou as armas para a casa dela. Ele as deixou lá temendo ser parado em uma blitz. O garoto vai responder por ato infracional análogo a porte ilegal de arma de fogo.>
O pai da suspeita vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar; posse ilegal de arma de fogo; entregar arma para adolescente e fraude processual. Ele mexeu na cena do crime, mesmo sendo alertado por um enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). >