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Carol Neves
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 05:01
O rosto que apareceu rapidamente na TV durante a cobertura do sequestro de Eloá Pimentel, em 2008, trouxe à tona um passado obscuro. O pai da adolescente, Everaldo Pereira dos Santos, que recebeu atendimento médico por passar mal ao ver a filha ser mantida refém em Santo André (SP), foi reconhecido por policiais alagoanos como integrante da “Gangue Fardada” - grupo de extermínio formado por agentes de segurança pública que atuou nos anos 1990 em Alagoas. >
Foragido havia mais de uma década na época em que a filha foi morta, Everaldo havia sido condenado à revelia a 33 anos de prisão pelo assassinato do delegado Ricardo Lessa e do motorista dele, em 1991. Desde então, vivia em São Paulo sob o nome falso de Aldo José da Silva, onde construiu nova família e trabalhava como segurança.>
Reconhecimento durante o sequestro de Eloá>
A tragédia que vitimou Eloá, de 15 anos, se estendeu por cinco dias e foi acompanhada em rede nacional. A jovem foi feita refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, e acabou morta no desfecho do cárcere privado, que também feriu a amiga dela, Nayara Silva.>
Em meio à intensa cobertura televisiva, Everaldo apareceu nas imagens sendo socorrido em uma ambulância. Um detalhe, uma marca próxima ao nariz, chamou a atenção de delegados de Alagoas que haviam investigado a Gangue Fardada. A partir dessa identificação, a polícia reabriu as buscas pelo ex-cabo da PM, que fugiu novamente logo após a morte da filha.>
Ele acabou preso em dezembro de 2009, em um sítio de familiares em Maceió, e começou a cumprir a pena em regime fechado. Em 2014, obteve progressão para o semiaberto por bom comportamento e trabalho na prisão.>
Lindemberg Alves matou Eloá Pimentel
Família desconhecia o passado>
Durante os 15 anos em que viveu em Santo André, Everaldo manteve uma rotina discreta, sem registros de crimes. Nem a família sabia da verdadeira identidade. Em entrevista ao Fantástico, em 2012, ele contou que fugiu de carro de Santo André, atravessando vários estados, e contou com a ajuda de desconhecidos para se alimentar. Negou envolvimento em homicídios e disse não ter recebido um julgamento justo em Alagoas.>
Na mesma entrevista, relembrou o momento em que desmaiou ao ver a filha na janela do apartamento durante o sequestro. “Eu não tinha me alimentado e estava com problema de pressão. Quando eu vi a minha filha na janela, o coração explodiu. Não sai a imagem da minha cabeça. Eu sinto muito não ter chegado lá e ter tentado resgatar a minha filha, saber que minha filha estava sendo espancada e ameaçada lá dentro com uma arma na cabeça”, disse.>
Vida discreta>
Desde então, Everaldo vive em São Paulo, longe dos holofotes. De acordo com o advogado Thiago Pinheiro, o ex-policial evita falar com a imprensa, especialmente sobre o caso Eloá. “Ele está no regime semiaberto desde 2014. Já entrei com vários pedidos para que ele tenha essa redução do semiaberto, mas a Justiça ainda não concedeu. Ele vive tranquilo, com a família em São Paulo e espera poder viver sua vida em liberdade logo”, afirmou o advogado ao portal G1, há dois anos.>