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Carol Neves
Publicado em 23 de julho de 2025 às 09:46
A vida de Luiz Antonio Garnica dentro da Penitenciária de Serra Azul (SP) segue limitada, inclusive no que diz respeito à companhia. Duas semanas após a transferência para a unidade, o médico acusado de envenenar a esposa Larissa Rodrigues ainda não pode receber visitas, nem mesmo da mulher com quem mantinha um relacionamento extraconjugal, apontada como um dos motivos para o crime.>
Segundo o Ministério Público, familiares precisam obter uma carteirinha para visitar presos, mas o processo pode levar até 40 dias. No entanto, a amante de Garnica não se enquadra nos critérios exigidos pela lei, já que não há vínculo formal entre eles. "Ela não tem união estável com ele, não é esposa e também não é parente. Sob o aspecto legal, ela não tem direito", afirmou o promotor Marcus Túlio Nicolino, em entrevista ao portal G1.>
Para o promotor, a insistência da mulher em tentar visitar o médico reforça a intensidade do relacionamento entre os dois, mesmo antes da morte da esposa. “O que quer dizer isso? Que o relacionamento que eles tinham antes de a Larissa morrer era bastante intenso e, de fato, eles buscavam ficar juntos mesmo depois da morte da Larissa, o que se efetivou”, declarou.>
Apesar de ser médico, Garnica está em cela comum, sem qualquer tipo de benefício. A decisão segue o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2023 derrubou o direito automático à cela especial para pessoas com curso superior. >
Médico e mãe são acusados de matar professora de pilates
Caminho até o julgamento>
A audiência de instrução do caso, em que serão ouvidas testemunhas de defesa e acusação, deve começar nos próximos dias. Apenas o Ministério Público arrolou 27 pessoas para depor. Depois dos depoimentos e das alegações finais, o juiz decidirá se Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, vão ou não a júri popular.>
Elizabete, acusada de executar o plano do filho e administrar doses diárias de chumbinho à vítima, segue presa preventivamente em Votorantim (SP). Os dois negam participação no crime.>
Crime>
Garnica e a mãe foram denunciados por feminicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa da vítima. O médico também responde por fraude processual, por ter alterado a cena do crime. A acusação sustenta que, após Larissa descobrir a traição do marido em março, ela passou a ser envenenada gradualmente, principalmente por meio de alimentos oferecidos pela sogra.>
Na véspera da morte, Elizabete ficou no apartamento do casal por cerca de quatro horas. Larissa foi encontrada morta na manhã de 22 de março. A Promotoria afirma que Garnica tentou criar um álibi ao passar a noite na casa da amante e que, antes mesmo da chegada do Samu, avisou à mulher que Larissa estava morta.>
Segundo o Ministério Público, o crime foi motivado também por dinheiro. Garnica e a mãe estavam endividados e queriam evitar a partilha de bens em caso de separação. O patrimônio do casal incluía, entre outros, um apartamento financiado, que seria disputado em eventual divórcio.>