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Perla Ribeiro
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 10:52
O pequeno Enzo Francisco Campos da Silva, 9 anos, tinha duas paixões na vida: a dança e o seu cavalo Trovão. Recentemente, se viu diante de uma decisão bem difícil, ter que abrir mão de uma delas para tentar impulsionar a outra. Ele teve que vender o cavalo por R$ 2 mil e usar o dinheiro para investir no sonho de entrar para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Com o recurso, ele conseguiu viajar de Sarapuí (SP), onde mora com os pais e a irmã, para Joinville (SC), onde se apresentará nesta sexta-feira, 24, para a fase final da seletiva. >
“Eu quase chorei. Minha mãe conversou bastante comigo, minha irmã também. Mas, entre o Bolshoi e o cavalo, eu escolhi o Bolshoi. Para mim, ele é meu melhor amigo. Me relaxa, me cheira, deixa eu montar nele. Ele é leal só a mim”, contou o garoto, em entrevista ao Portal Terra. Mãe de Enzo, Maria de Fátima Campos da Silva disse que, além do valor obtido com a venda do cavalo, conseguiram arrecadar recursos para a viagem também com rifas.>
Menino de 9 anos vende cavalo de estimação para tentar vaga no Bolshoi: ‘Eu quase chorei’
Familiares e amigos também ajudaram na arrecadação para conseguir realizar o sonho do pequeno dançarino. Mas Enzo não está sozinho nessa paixão pela dança, é algo que vem de família. Ele cresceu vendo a irmã mais velha, Élen Maria, fazer aulas da modalidade e também quis. A mãe deles também foi responsável por difundir essa paixão. >
“Quando estava grávida, gostava de dançar. Dançava em casa mesmo, para relaxar, porque faz bem para a alma, para o coração. Já perto de ele nascer, eu falei assim, ‘quero ver se a criança sente mesmo que a mãe está sentindo, porque se sentir, ele vai gostar de dançar. Não é que ele ama dançar mesmo”, reflete Maria de Fátima. >
A dança entrou mesmo na vida de Enzo aos 4 anos, quando, inspirado pela irmã, começou a fazer aulas. Inclusive, foi a professora dela que viu o talento dele e incentivou que os pais o colocassem nas aulas. Desde então, nunca mais parou. “O Enzo é bastante agitado, gosta de várias músicas, vive dançando e não tem vergonha. Às vezes, se ele está passando em algum lugar e escuta alguma musiquinha, seja na rua, no shopping ou em qualquer lugar, ele já começa a dançar”, afirma a mãe, que atua como técnica em enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). >
Hoje ele faz aulas de balé e já participou de dois concursos, onde conquistou o terceiro lugar. Mas quem vê Enzo dando passos cada vez maiores na dança, nem desconfia que no início ele quase desistiu por conta do bullying. Alguns coleguinhas da escola diziam que ‘balé não é coisa de menino’, e ele chegou a pedir uma vez para sair da escola. No entanto, tanto o pai, o caminhoneiro Roberto Pires da Silva, quanto a mãe conseguiram convencê-lo a seguir seu sonho. De tanto persistir, agora ele concorre a uma vaga na tradicional escola de balé. Ele define a dança como sinônimo de liberdade e leveza. “Quando eu estou dançando, me acalma. Eu voo no ar, tipo uma sensação que me leva”, explica. >