Morre pai de vítima da covid que recolocou cruzes arrancadas em protesto no Rio

Márcio Antônio Silva tinha 58 anos e estava internado com problemas no coração

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2022 às 20:35

. Crédito: Reprodução

O coordenador Censitário do IBGE da Subárea de Inhaúma Márcio Antônio do Nascimento Silva, que viralizou nas redes sociais ao recolocar cruzes em um protesto em memória às vítimas da covid-19, faleceu nesta terça-feira (4), aos 58 anos.

No 11 de junho de 2020, quando o Brasil registrava 40 mil óbitos na pandemia, a ONG Rio de Paz decidiu fazer um protesto abrindo 100 covas nas areias de Copacabana e fincando cruzes, foi quando um homem que passava pelo calçadão da praia viu as cruzes e decidiu derrubá-las. Márcio, que havia perdido o filho pra covid-19 dois meses antes, decidiu então recolocar todas de volta no lugar. 

“Meu nome é Márcio. Pai do Hugo, que faleceu aos 25 anos de covid-19. Só queria dizer que a dor do pai é muito grande. É ter que conviver todo o dia com essa dor, com os pensamentos. Tentar lidar com estes pensamentos”, disse em vídeo publicado na época.

Márcio estava internado com problemas no coração. Segundo o g1, o enterro estava previsto para a tarde desta terça-feira (4), no Cemitério São João Batista.

Depoimento na CPI

Márcio Antônio também foi uma das pessoas a prestar depoimento da CPI da covid-19 no senado.“Três dias depois de enterrar meu filho, eu ouvi aquela frase: 'E daí?' Isso me fez mal. Cada deboche, cada sorriso, cada ironia. Não conseguia entender. A minha dor não é mimimi”, desabafou emocionado.

A fala de Márcio foi em referência a uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, que à época havia criticado a quarentena. "Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?", disse Bolsonaro.