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Carol Neves
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10:10
A morte de Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil do Amazonas como homicídio doloso qualificado. O caso veio à tona após os pais denunciarem, no dia 25, que o menino recebeu uma dosagem de adrenalina aplicada diretamente na veia durante atendimento em um hospital particular de Manaus. A Justiça negou o pedido de prisão preventiva da médica responsável, que responde ao processo em liberdade. >
A médica Juliana Brasil Santos e a técnica de enfermagem Raiza Bentes prestaram depoimento à polícia. No relatório interno do Hospital Santa Júlia enviado às autoridades - documento obtido pela Rede Amazônica - Juliana admitiu que prescreveu erroneamente a adrenalina intravenosa. Ela relatou ter comentado com a mãe que o medicamento deveria ser administrado por via oral e disse ter se surpreendido por a equipe de enfermagem não questionar a ordem.>
A técnica de enfermagem afirmou, por sua vez, que apenas seguiu exatamente o que constava na prescrição médica. Após a denúncia, tanto a médica quanto a técnica foram afastadas. O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM) também abriu um processo ético, sob sigilo, para apurar a conduta da profissional.>
Benício Xavier de Freitas morreu após receber dose de adrenalina na veia
O que aconteceu antes da morte>
Benício deu entrada no pronto atendimento do Hospital Santa Júlia na noite de sábado (22), apresentando tosse seca e suspeita de laringite, depois de dois episódios de febre. A família contou que a médica responsável indicou lavagem nasal, soro, xarope e três aplicações intravenosas de 3 ml de adrenalina, com intervalos de 30 minutos. A aplicação ficou a cargo de uma técnica de enfermagem.>
Os pais disseram que questionaram a profissional ao verem o tipo de administração indicada. “Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai, Bruno Freitas.>
Quadro clínico piorou rapidamente>
Logo após receber a medicação, segundo a família, o menino teve uma piora abrupta: ficou pálido, com extremidades arroxeadas, e disse que “o coração estava queimando”. A saturação despencou para cerca de 75%. A equipe então transferiu Benício para a sala vermelha e posteriormente para a UTI, onde foi intubado por volta das 23h.>
A intubação foi seguida das primeiras paradas cardíacas. Ao todo, conforme relato do pai, foram seis paradas consecutivas. A última, durante a madrugada de domingo (23), resultou na morte do menino às 2h55.>
Investigação em andamento>
O delegado Marcelo Martins afirmou que o caso é analisado sob a possibilidade de homicídio doloso qualificado pela crueldade. Além dos depoimentos, a polícia revisa prontuários e documentos fornecidos pelo hospital. Embora tenha sido solicitado o encarceramento da médica, a Justiça entendeu que não há “fundamentos suficientes” para decretar a prisão preventiva neste momento.>
As investigações continuam.>