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Paciente tem metástase após receber órgão com câncer em transplante: 'foi devastador'

Exames mostraram que o tumor se originou no órgão doado, e não no corpo do receptor

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15:41

Paciente tem metástase após receber órgão com câncer em transplante: 'foi devastador'
Paciente tem metástase após receber órgão com câncer em transplante: 'foi devastador' Crédito: Reprodução

Diagnosticado com hepatite C em 2010, Geraldo Vaz Junior, 58 anos, desenvolveu cirrose hepática e precisou ir para a fila de transplantes. Em julho de 2023, ele recebeu um novo fígado. Meses depois de passar por uma cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), descobriu ter câncer no fígado transplantado. Exames mostraram que o tumor se originou no órgão doado, e não no corpo do receptor — um evento reconhecido pela literatura médica, mas considerado raríssimo em todo o mundo.

Esposa de Geraldo, Maria Helena Vaz contou ao G1 SP que a cirurgia foi bem-sucedida, mas sete meses depois, porém, exames detectaram nódulos no fígado transplantado. A biópsia identificou um adenocarcinoma, um tipo de tumor maligno, e um teste genético de DNA confirmou que as células cancerígenas não pertenciam ao paciente, mas ao doador do órgão. “Foi devastador. Meu marido recebeu um órgão com câncer. Esperamos por anos para viver um sonho, mas ele saiu de lá mais doente”, lamenta Maria Helena.

Após a descoberta, Geraldo recebeu um novo fígado, mas o câncer já era avançado e ele teve metástase no pulmão. Hoje, é um paciente paliativo. Ou seja, a doença não tem mais cura. A família de Geraldo informou que, após a descoberta, eles ainda questionaram a equipe médica, durante uma reunião, sobre o estado de saúde dos demais pacientes receptores, porque ele não foi o único, e tiveram a informação de que eles estão sendo monitorados.

Especialistas ouvidos pelo G1 SP explicaram que o caso é raro, embora possível. E que há uma série de rastreios para evitar que isso aconteça e que esse protocolo é feito pelo hospital onde está o doador. No entanto, a família não sabe qual foi a unidade de saúde porque a informação é sigilosa.

Geraldo ainda buscou o Ministério da Saúde e o Ministério Público para apurar o que pode ter acontecido em seu caso, mas não teve retorno. Com isso, não é possível saber se ele faz parte de uma pequena estatística ou se houve algum erro. A assessoria do Hospital Albert Einstein informou que está analisando o tema.

O Manual de Transplantes informa que um paciente com câncer não é um doador de órgãos. Segundo o documento, publicado pelo Ministério da Saúde, toda pessoa considerada uma doadora apta passa por uma triagem clínica, laboratorial e de imagem para descartar infecções e neoplasias transmissíveis. “Mesmo com avaliação adequada, há risco residual de doenças não detectáveis antes da captação”, alerta o documento.

Geraldo e a esposa afirmam que não foram orientados sobre os riscos de desenvolver neoplasias com o transplante ou qualquer chance de câncer e questionam, justamente, o direito de terem sido informados. “A gente fez muitas perguntas, e as primeiras respostas foram de que não tinha como saber que o doador tinha câncer antes da doação. Quando chegamos ao diretor-geral do hospital, meu marido questionou como isso não era sabido. E ele nos disse que, como o risco é muito baixo, o hospital acaba por nem citar isso aos pacientes”, conta Maria Helena.

Ela relembra que o marido não estava em estado terminal quando foi chamado para o transplante e, sabendo do risco, diante do quadro de saúde dele, poderiam avaliar melhor. “Meu marido estava numa condição difícil, mas não estava entre a vida e a morte na UTI. Ele fazia acompanhamento, estava em tratamento com uma medicação cara, mas estável. Não era um caso desesperador”.