Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 3 de abril de 2025 às 10:38
As exportações brasileiras de petróleo e ferro serão fortemente impactadas pela nova tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos. Os dois produtos lideram a lista de itens mais enviados ao mercado americano e agora enfrentarão aumento nos custos para entrar no país. Apenas em 2024, o Brasil exportou R$ 5,8 bilhões em petróleo para os EUA, enquanto o ferro registrou crescimento significativo nas vendas.>
De acordo com a CBN, o governo brasileiro informou que a lista dos itens mais afetados inclui aeronaves, café, celulose e carne bovina. >
A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira (2), faz parte de sua política de tarifas "recíprocas", que busca equiparar as taxas aplicadas aos produtos americanos no exterior. Além do Brasil, países como China, Japão, União Europeia e Coreia do Sul também foram incluídos na nova taxação.>
A tarifa entra em vigor à 0h01 deste sábado (5) para a taxa básica, e as tarifas recíprocas começam a valer na quarta-feira (9). Outros produtos brasileiros afetados incluem aeronaves, café, celulose e carne bovina.>
O governo brasileiro reagiu ao anúncio e estuda medidas de retaliação. Em nota, o Itamaraty afirmou que a decisão americana "não reflete a realidade" do comércio bilateral, já que os EUA mantêm um superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos. O governo avalia levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aposta no avanço do Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, que tramita na Câmara dos Deputados, como resposta ao tarifaço.>
Leia nota na íntegra: >
O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 2 de abril, de impor tarifas adicionais no valor de 10% a todas as exportações brasileiras para aquele país. A nova medida, como as demais tarifas já impostas aos setores de aço, alumínio e automóveis, viola os compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio e impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA.>
Segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo.>
Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a “reciprocidade comercial” não reflete a realidade.>
Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos.>
Ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes, o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais.>
Nesse sentido, o governo brasileiro destaca a aprovação pelo Senado Federal do Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, já em apreciação pela Câmara dos Deputados.>