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Carol Neves
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 15:01
Condenados por alguns dos crimes mais brutais do Brasil, os presos de Tremembé têm uma coisa em comum: todos detestam o jornalista criminal José Luiz Datena. A informação está no livro "proibido" de Acir Filó, "Diário de Tremembé - O presídio dos famosos". >
O livro, que teve a venda suspensa pela Justiça brasileira, traz algumas histórias de dentro da cadeia. Alcir mostra que a maioria dos presos "famosos" considera que passou por um julgamento midiático antes de ficar na frente de um juiz, e por isso vários detestam as pessoas responsáveis pela cobertura mais policialesca. >
Em 16 de setembro de 2017, quando os presos assistiam ao Jornal Nacional, uma notícia de morte surpreendeu a cadeia: o jornalista Marcelo Rezende, falecido aos 65 anos de câncer. A reação foi de celebração de boa parte dos presos, que afirmaram: "Agora só falta o Datena". >
"Apesar da comemoração de alguns, houve quem tenha ficado triste com a morte de Marcelo, demonstrando indignação com a balbúrdia dos companheiros, mas quanto ao Datena... Ah, o Datena e unanimidade nos presídios. Esse inconsequente condena o acusado antes da polícia e da justiça. Ele é o 8º membro do júri, mas só condena, nunca absolve, mesmo os inocentes — disparou a falar Mizael Bispo, com ar de indignação. "Ele não critica a polícia quando erra"", diz trecho do livro reportagem, citando Mizael. >
Luiz Bacci, da TV Record, recebe alguns elogios. O "Bacci ao menos ouve os dois lados e critica a polícia, opina Cristian Cravinhos", ouvido pelo autor.>
Criminosos que aparecem na série Tremembé
Livro banido>
Acir Filló, ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP), foi preso por crimes ligados à corrupção e desvio de dinheiro público. Ele escreveu “Diário de Tremembé - O Presídio dos Famosos" durante o período na cadeia. A obra traz relatos sobre a rotina e os bastidores da Penitenciária 2 de Tremembé, onde cumprem pena nomes de grande repercussão, como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos e Roger Abdelmassih. O conteúdo, recheado de detalhes sobre a convivência entre detentos célebres, chamou atenção por expor supostos episódios e diálogos dentro da prisão.>
Pouco depois de lançado, o livro foi banido pela Justiça de São Paulo, que considerou a publicação sensacionalista e ofensiva à privacidade dos presos citados. A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani determinou a retirada imediata de circulação da obra, afirmando que o texto ultrapassava os limites do jornalismo e se aproximava de “bisbilhotice e fofoca”. A decisão também apontou que o material foi produzido sem autorização dentro do presídio e poderia gerar tumultos entre os detentos. Após a polêmica, Filló foi transferido para outra unidade prisional, mas o livro seguiu circulando informalmente.>