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Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2018 às 19:33
- Atualizado há 2 anos
Uma professora de uma escola municipal de São Paulo pediu que a mãe de uma estudante de 4 anos desse um jeito no cabelo da filha, que é crespo, porque os colegas de turma "não estavam se adaptando" à aparência dela. Após a mãe da criança defender que a sua filha possa continuar frequentando a escola com o cabelo solto, a direção da Escola Municipal de Educação Infantil Estrada Turística do Jaraguá definiu algumas medidas a serem seguidas, como ações pedagógicas com os alunos de respeito à diversidade. Foto: Reprodução Em entrevista ao jornal Extra, a mãe da criança, a cuidadora Janaína de Oliveira Martins, 32 anos, contou que sua filha, Gabriela, reclamava muito que ninguém brincava com ela. Quando foi à escola conversar com a professora, ela ouviu a recomendação inesperada. "A professora perguntou se eu podia dar um jeito no cabelo da minha filha, prender ou fazer tranças, porque as crianças não estavam se adaptando, estavam achando estranho o tipo de cabelo dela. Eu falei que não", contou Janaína ao Extra.>
A cuidadora disse ainda que sempre que perguntava a filha como tinha sido o dia na escola, a menina dizia que não tinha ninguém para brincar com ela e que, muitas vezes, acabava sozinha no recreio. A professora percebeu que os colegas de turma a isolavam e ainda contou para Janaína que as crianças estavam chamando Gabriela de feia.>
Para a cuidadora, é inadmissível que a filha sofra esse tipo de preconceito e ainda tivesse que mudar sua aparência para agradar outras pessoas. "Falei para a professora: Qual é o seu papel? Não é o de ensinar? Então por que você não ensina às crianças que preconceito é feio? E que elas têm que brincar com ela (Gabriela) do jeito que o cabelo dela é. E não eu ter que trançar para outros gostarem dela, agradando meia dúzia da escola", acrescentou Janaína, em entrevista ao Extra.>
A mãe da criança informou ainda que disse à professora que iria procurar a direção da escola, mas que ela teria falado que isso não ia adiantar, que isso não acontece só na sala de aula. "Ela comentou que o cabelo dela é "ruim" e ela alisa. Só que minha filha tem 4 anos, não tem lógica eu alisar o cabelo da minha filha, eu não vou alisar para agradar ninguém. Ela vai vir do jeito que ela é. Eu não vou mexer no couro cabeludo dela porque é sensível e pode machucar. Ela vai vir de cabelo solto, sim", defendeu a mãe.>
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou, em nota, que "a Diretoria Regional de Educação (DRE) Pirituba lamenta o episódio ocorrido em 22/08" e que abriu um procedimento disciplinar contra a professora envolvida.>
"Em reunião feita na segunda-feira (3/9), pela Comissão de Mediação de Conflitos, a DRE acolheu a família e prestou todos os esclarecimentos. Além disso, está realizando ações pedagógicas com os alunos da sala em que a criança estuda, onde estão sendo abordados temas como o respeito à diversidade. Os pais já informaram à direção escolar que não querem que a criança seja trocada de sala ou período para que não haja prejuízo pedagógico", afirma o comunicado.>