Morre, aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi

A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A artista estava internada na Clínica São José, em Botafogo, na zona sul da capital fluminense, desde agosto quando deu entrada para tratar uma arritmia cardíaca.

"É com muito pesar que comunico o falecimento da minha irmã Nana Caymmi. Estamos, na família, todos muito chocados e tristes. Mas, ela também passou nove meses de sofrimento em hospital, UTI, é um processo muito dolorosos de várias comorbidades", falou o irmão Danilo Caymmi em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram.

E acrescentou: "O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Estamos todos muito tristes".

Filha mais velha do cantor baiano Dorival Caymmi com a esposa, a cantora mineira Stella Maris, Nana comemorou o último aniversário na última terça-feira (29). No dia seguinte, na quarta (30), após nove meses internada, sofreu uma "overdose de opioides".

Segundo Danilo, a situação foi agravada pela obesidade. “O que acontecem são pequenos defeitos, e tudo em consequência da obesidade. Por conta do peso, ela passou por uma osteomielite (infecção óssea)”, contou em entrevista ao O Globo.

Talento de berço

Batizada de Dinahir Tostes Caymmi, Nana cresceu rodeada pela música. Desde cedo viu seu talento aflorar e, em 1960, com apenas 19 anos gravou a música Acalanto, no disco do pai, dando início a sua carreira.

Acalanto foi composta por Dorival para embalar o sono da filha quando era criança e se tornou a canção de ninar mais conhecida do país. "Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta", dizia um dos versos.

"Meu pai me pegou pelo braço e me levou ao estúdio. A confiança que ele teve em mim nesse dia foi fundamental para a minha carreira, eu nunca havia pensado em ser cantora profissional", contou Nana em uma entrevista ao Globo, em 1973.

No mesmo ano, lançou seu primeiro disco solo. Ao longo da carreira, gravou outros 26 álbuns, sendo dois deles ao vivo.

Logo cedo, conquistou um lugar de destaque no mundo da música, dentro e fora do Brasil. Entre seus sucessos, estão "Só Louco", "Não se Esqueça de Mim", "Cais", "Resposta ao Tempo" e "Ponta de Areia".

Em 2016, a cantora passou por uma cirurgia de remoção de um tumor na parte externa do estômago, afastando-se dos palcos. Em 2019, gravou um disco com a obra de Tito Madi, e, no ano seguinte, outro com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Em 2024, voltou a gravar, ao lado do cantor e violonista Renato Braz, uma faixa do disco “Canário do Reino”, em homenagem a Tim Maia.

Mãe e avó

Com 20 anos, Nana se casou com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli com quem teve seus três filhos: Stella Teresa, Denise Maria e João Gilberto.

Em 1967, namorou com o cantor Gilberto Gil, de quem se separou em 1969. Ela também namorou com o cantor João Donato, na década de 70, e com o cantor e compositor Claudio Nucci, já na década de 80.

A artista também deixa duas netas, filhas de Denise Maria.