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Estadão
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 23:58
Após identificar um aumento exponencial de pedidos de refúgio, o governo brasileiro decidiu alterar o procedimento destinado a parte dos passageiros que chegam ao País. No caso de viajantes que desembarcam com previsão de escala para outro destino, mas tentam o pedido de refúgio junto às autoridades brasileiras, a determinação passa a ser a de que eles sigam viagem ou retornem ao local de origem, de acordo com o Ministério da Justiça. >
O governo acredita que o fluxo anormal ocorra por ação de organizações criminosas e tenha ligação com rotas ilegais em direção aos Estados Unidos e Canadá. Segundo a pasta, essa medida se aplica apenas a quem não possuir visto de entrada no Brasil e tiver como destino final outro país, não sendo uma forma de deportação. Até segunda-feira, 26, os passageiros que estão em trânsito e pedirem refúgio ainda terão suas solicitações processadas.>
- Até esta quarta-feira, 21, eram 481 pessoas na área restrita de trânsito internacional do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo.>
A decisão do governo foi tomada após a Polícia Federal apontar que o Brasil virou rota de organizações criminosas que fazem contrabando de imigrantes e tráfico de pessoas.>
"As autoridades passaram a identificar um aumento exponencial de nacionais oriundos, principalmente, de países asiáticos. Esses viajantes têm seus bilhetes aéreos emitidos com destino final a outros países sul-americanos", afirma o ministério.>
Uma vez na área internacional de trânsito do aeroporto, em situação de escalas e/ou conexões, esses viajantes desistem do trecho final de suas viagens (muitas vezes desfazendo-se até mesmo de seus cartões de embarque originais), permanecendo nessa área de forma irregular, segundo detalhou a pasta.>
"A Polícia Federal identificou que os viajantes nessa situação são orientados pelas organizações criminosas a recorrer ao pedido de refúgio para ingressar em território brasileiro, em substituição indevida à necessidade de visto de entrada no Brasil", acrescentou o ministério.>
As investigações da Polícia Federal revelaram que o objetivo desses viajantes não é solicitar a proteção do Estado Brasileiro por meio do instituto do refúgio, mas, sim, seguir rota rumo ao norte das Américas, principalmente para os Estados Unidos e Canadá.>
Pedidos saltaram de 69 em 2013 para 6,3 mil neste ano>
Segundo o Ministério da Justiça, os dados de pedidos de refúgio no Aeroporto Internacional de Guarulhos passaram a "chamar a atenção":>
- em 2013, o número de pedidos foi de 69; em 2023, os pedidos alcançaram o patamar de 4.239, registrando um crescimento de mais de 61 vezes;>
- de janeiro deste ano até 21 de agosto, foram 6.329 pedidos de reconhecimento da condição de refugiado protocolados em Guarulhos.>
De todos os pedidos de refúgio recebidos entre 2023 até 27 de junho de 2024, que somavam mais de 8.300, apenas 117 pessoas buscaram a obtenção do Registro Nacional Migratório, carteira disponibilizada a todos os solicitantes de refúgio no Brasil. Adicionalmente, apenas 262 pessoas solicitaram CPF.>
O Estadão mostrou em junho que cerca de 200 imigrantes, a maior parte formada por indianos, estavam retidos no aeroporto de Guarulhos. A retenção se devia, segundo autoridades de migração e judiciárias, a um fluxo incomum de chegada de estrangeiros sem permissão de entrada e também por um problema no sistema de cadastramento de pedidos de refúgio, solicitação que permitiria a entrada temporária.>