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Carol Neves
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 08:24
Com o objetivo de ampliar o uso de preservativos, principalmente entre os jovens, o Ministério da Saúde iniciou nesta quarta-feira (13) a distribuição de dois novos modelos de camisinha pelo Sistema Único de Saúde (SUS): a texturizada e a fina. A medida visa reforçar a prevenção contra HIV, sífilis, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), além de evitar gestações não planejadas.>
A nova estratégia surge em um contexto de baixa adesão ao uso de preservativos no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019, mostram que 59% das pessoas com 18 anos ou mais disseram não ter usado camisinha em nenhuma das relações sexuais nos 12 meses anteriores. Apenas 22,8% declararam fazer uso constante do contraceptivo, enquanto 17,1% afirmaram utilizar esporadicamente.>
Segundo o Ministério da Saúde, a introdução dos novos modelos tem como objetivo “estimular o uso contínuo e correto do preservativo, tornando-o mais atraente e atendendo às diferentes preferências da população”. Até o momento, o SUS oferecia dois tipos de preservativo: a camisinha externa (masculina), feita de látex, e a interna (feminina), de látex ou borracha nitrílica.>
A previsão é que 400 milhões de unidades das novas camisinhas sejam distribuídas ainda este ano em unidades básicas de saúde (UBSs), gratuitamente, sem exigência de documento ou limite de quantidade.>
Novidades nos novos modelos>
A camisinha texturizada possui relevos em sua superfície, com a proposta de intensificar o prazer durante a relação sexual. Já a versão fina, por ser mais delicada, proporciona maior sensação de contato. Ambas oferecem o mesmo nível de proteção das camisinhas convencionais.>
Para ampliar a acessibilidade, as embalagens das novas camisinhas incluem identificação em braille.>
Campanha nas redes sociais>
A distribuição foi acompanhada de uma ação digital nas redes sociais do Ministério da Saúde. Em um vídeo publicado no Instagram, o infectologista Ricardo Kores, conhecido por seu conteúdo educativo, apresentou um “unboxing” da nova camisinha texturizada, vídeo que já ultrapassou 1,4 milhão de visualizações.>
"RECEBIDOS? Sim, chegou pra mim e pra vocês! A nova camisinha do @minsaude é TEXTURIZADA e foi criada como medida para aumentar e incentivar o uso do preservativo, principalmente entre os jovens", disse o médico na publicação.>
Na sequência, ele opinou sobre o produto: "Querem minha opinião? Eu achei MUITO boa". Ele também reforçou que os preservativos podem ser retirados gratuitamente: “Querem uma dica? Busque a sua na Unidade de Saúde mais próxima de você. SABE QUANTO CUSTA? NA-DA, é totalmente de graça. SUS, né?”>
Kores ainda recomendou que o uso do preservativo seja complementado com outras formas de prevenção: “Combine preservativo com gel lubrificante, PrEP, DoxiPEP, vacinação, exames regulares e acompanhamento médico”.>
Nas redes sociais, a novidade dividiu opiniões. Enquanto alguns enxergaram a ação como algo supérfluo no momento do Brasil, outros destacaram a importância de estimular o uso de camisinha.>
Queda no uso preocupa autoridades>
Além do comportamento de risco observado entre os jovens, o Ministério da Saúde destaca outro problema: a redução na solicitação de preservativos por estados e municípios após a pandemia de Covid-19. O lançamento das novas camisinhas busca, assim, não apenas estimular o uso individual, mas também reativar a cadeia de distribuição nacional desses insumos.>
A campanha atual também responde a alertas internacionais. Em relatório divulgado este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou para o crescimento de ISTs em diversos países, associando parte desse aumento à diminuição do uso de preservativos nos últimos anos.>