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Esther Morais
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 11:34
A primeira vacina de dose única contra a dengue será ofertada no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026. Produzido pelo Instituto Butantan, o imunizante é totalmente nacional e teve as diretrizes de uso definidas pelo Ministério da Saúde, com base em recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI). >
As primeiras 1,3 milhão de doses já fabricadas serão destinadas aos profissionais da Atenção Primária à Saúde que atuam nas Unidades Básicas de Saúde e em visitas às comunidades, como agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos que atuam nas unidades básicas e visitam diariamente as famílias em seus domicílios. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a previsão é que esse quantitativo esteja disponível até o fim de janeiro de 2026.>
Com o aumento da produção e a ampliação da oferta de doses ao Ministério da Saúde, será possível atender o público geral. A vacinação começará pelos adultos mais velhos, com 59 anos, com expansão gradual para as demais faixas etárias até chegar ao público de 15 anos de idade.>
Saiba mais sobre nova vacinação da dengue no Brasil
A produção em maior escala será viabilizada por meio de parceria com a empresa chinesa WuXi Vaccines, que firmou acordo de transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto com o Instituto Butantan, responsável pela inovação do imunizante. A definição do público prioritário considerou critérios técnicos e o perfil epidemiológico do país, após discussão com especialistas da CTAI.>
Parte das doses prontas também será utilizada em uma estratégia específica no município de Botucatu, no interior de São Paulo, que servirá como área de avaliação intensificada da efetividade da vacina e de seu impacto na dinâmica da dengue. No município, a vacinação da população geral entre 15 e 59 anos será antecipada.>
A estimativa é que uma adesão entre 40% e 50% dessa população seja suficiente para provocar impacto significativo no controle da doença. Botucatu já participou de experiência semelhante durante a pandemia de Covid-19, com vacinação em massa da população.>
Além de Botucatu, outros municípios com predominância do sorotipo DENV-3 estão em análise para integrar a estratégia, devido à associação desse sorotipo ao aumento de casos registrado no país em 2024.>
De acordo com avaliações técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina apresenta eficácia de 74,7% contra dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos e proteção de 89% contra formas graves e com sinais de alarme. O registro do imunizante foi anunciado pela Anvisa.>
Atualmente, o SUS já conta com uma vacina contra a dengue aplicada em duas doses, destinada a adolescentes de 10 a 14 anos. Desde a incorporação do imunizante à rede pública, mais de 7,4 milhões de doses foram aplicadas nesse público. Para 2026, o Ministério da Saúde garantiu 9 milhões de doses desse imunizante e prevê outras 9 milhões para 2027.>
Apesar da redução de 75% nos casos de dengue e de 80% nos óbitos em comparação com 2024, o Ministério da Saúde reforça que o combate ao mosquito Aedes aegypti continua essencial. A pasta mantém em andamento a campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya”, que orienta a população sobre medidas de prevenção, como eliminação de criadouros, vedação de reservatórios de água e limpeza de calhas e ralos.>