A Páscoa nunca mais será a mesma: chocolate vai ter mais açúcar e ficar mais caro

Crise nas plantações de cacau africanas abre oportunidade para produtores baianos, mas há riscos

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 9 de março de 2024 às 16:00

O chocolate passa por um cenário amargo e que não deve adoçar tão cedo, segundo expectativas de especialistas. Principal insumo para a fabricação da iguaria, o cacau bate sucessivos recordes de preço desde meados do ano passado. A alta acumulada em 12 meses é superior a 115%. E isso depois de o produto ter subido 50% em 2022.

O salto nos preços se deve a mais procura e menos oferta. Com o desenvolvimento socioeconômico da Ásia, mais pessoas ingressaram no mercado consumidor global de chocolates. A alta na demanda não foi acompanhada pela produção. Ao contrário, a crise climática e pragas diversas dizimaram plantações em Gana e Costa do Marfim, países africanos que são os maiores produtores do fruto no mundo. Tudo indica que este ano (2024) deve ser o quarto seguido com registro na queda de produção.

Em tempos da novela Renascer, podemos pensar que a quebra na produção dos concorrentes africanos abre uma janela de oportunidade para a Bahia, que já foi dona da maior produção mundial. Toda oportunidade, porém, traz um risco.

A liderança baiana foi perdida entre as décadas de 1980 e 1990 com a praga da vassoura-de-bruxa. Agora, a cultura do cacau vive um renascimento na Bahia. Novas técnicas de clonagem - espécie híbridas - têm feito o fruto sobreviver ao ataque da praga. E a fome de empresas e consumidores por produtos ecológica e socialmente sustentáveis tem valorizado o chamado cacau de cabruca, uma técnica de cultivo em que o pé de cacau aproveita a sombra de árvores maiores para florescer. Ou seja, é um manejo sustentável que preserva a Mata Atlântica. É uma produção mais cuidadosa e cara que a do cacau commodity, mas compensa porque é o produtor que dita o preço. A produção do chamado cacau fino é voltada para chocolates de linha premium das diversas marcas. Hoje, o cacau produzido na Bahia - commodity ou fino - não supre nem a necessidade do mercado nacional.

Acontece que a pressão da indústria pelo cacau commodity e o alto preço que estão pagando pelo produto podem ser uma armadilha para o produtor local. Pode-se ganhar muito enquanto durar a alta do preço internacional. mas essa onda cedo ou tarde vai acabar. O risco é que os produtores, em nome do lucro imediato, percam o espaço duramente conquistado no mercado do cacau fino, que tradicionalmente remunera melhor. Isso sem falar na questão ambiental.

Dificilmente vai faltar chocolate. Mas ele vai ficar mais caro, pois a indústria vai repassar aos consumidores a alta do custo do cacau. Outras armas à disposição da indústria são o uso de fórmulas químicas que substituam o cacau na fabricação dos chocolates e o aumento na dosagem de açúcares e gorduras nos bombons, tabletes, barras e ovos . A indústria, assim, mantém seu mercado em detrimento da saúde dos consumidores.

Questionados sobre os preços aos consumidores, representantes da indústria de chocolates dizem que esse movimento ainda não será visto na Páscoa deste ano. Eles dizem que até pode ocorrer aumentos, mas o chocolate que está sendo vendido nesta época teve o cacau comprado ainda no primeiro semestre de 2023.

As fake news chegam ao BBB; baiano Davi Brito é a vítima da vez

O baiano Davi Brito, um dos favoritos para vencer o Big Brother Brasil (BBB) deste ano, é a mais nova vítima das fake news. Nesta semana, postagens com informações distorcidas tentaram influenciar na votação que definiu o eliminado do 11º paredão.

A votação de terça (5) contou ainda com Michel Nogueira e Alane Dias. Michel foi o escolhido para deixar o confinamento, com 70,33% dos votos. Alane teve 0,94%, e o baiano, 28,73%.

Dias antes do paredão, perfis contrários a Davi passaram a publicar vídeos editados com falas que não condizem com o comportamento dele. O objetivo era manipular o voto da audiência. Como é um público jovem, muitas dessas fake news traziam Davi fazendo críticas que nunca fez a ídolos dessa geração, como as cantoras Ariana Grande e Taylor Swift, conforme destacou reportagem do UOL. Essas artistas possuem fãs altamente engajados e a ideia era motivá-los a votar pela eliminação do baiano.

Não deu certo. Mas pode.

É preciso estar alerta. BBB é entretimento, mas fornece pistas do funcionamento da nossa sociedade. Fora da casa, campanhas orquestradas de desinformação continuam fazendo a cabeça de parte da opinião pública. Muitas tentativas têm sido adotadas contra as fake news, mas elas seguem barradas pelo poderio econômico das big techs e pela influência política de aproveitadores, oportunistas e alguns bandidos. Tudo junto e misturado.

E o pior é que a tecnologia para falsear a verdade avança. Cada vez mais iremos falar em deep fake, que é o uso de Inteligência Artificial para manipular voz e imagem de políticos e celebridades e envolvê-los m situações e declarações irreais, preferencialmente constrangedoras. O público não está preparado para descobrir o que é real ou não.

Mas não há vida sem esperança. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, em 27 de fevereiro, resolução para coibir o uso de IA (inteligência artificial) para espalhar desinformação em eleições. Por unanimidade, os ministros decidiram que propagandas eleitorais que utilizarem a ferramenta para “criar, substituir, omitir, mesclar, alterar a velocidade ou sobrepor imagens e sons”, deverão conter um rótulo com a informação de que o conteúdo foi alterado. O uso de IA é permitido para criação de avatares e chatbots na comunicação da campanha, desde que não simulem uma pessoa real ou pessoa candidata. Já a circulação das deep fakes é absolutamente vedada. O candidato que infringir a regra pode perder o mandato.

Na noite da última segunda (4), O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) declarou Leandro Grass inelegível por 8 anos após “uso abusivo dos meios de comunicação”, em um julgamento que analisou fake news e outras irregularidades na sua campanha derrotada no primeiro turno ao Governo do Distrito Federal (GDF). Grass, que atualmente é presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do governo federal, nega irregularidades e prometeu recorrer.

Meme da semana

null Crédito: Reprodução

Mais uma vez os internautas souberam rir das adversidades e produziram diversos memes enquanto esperavam as plataformas de Mark Zuckerberg – Facebook, Instagram e WhatsApp – voltarem a funcionar após uma queda, mais uma, em seus servidores.

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