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Armando Avena
Publicado em 15 de janeiro de 2016 às 05:45
- Atualizado há 3 anos
Os juros brasileiros já são os maiores do mundo, mas o Banco Central deve aumentar a taxa na próxima reunião do Copom – Comitê de Política Monetária. Será um erro que terá como consequência mais recessão e um aumento ainda maior da dívida pública e a medida será inócua no combate à inflação. A taxa Selic, que estava no patamar de 7% no final de 2012, mais que dobrou e hoje está em 14,25% e, embora esse aumento tenha sido importante para conter o aumento de preços, já atingiu o limite sustentável sem conseguir trazer a inflação para o centro da meta. Todos concordam que era imprescindível elevar os juros para evitar a disparada da inflação, mas continuar centrando tudo na política monetária será inútil e terá um alto custo para a economia. Os compêndios da ciência são claros: o aumento nos juros serve para reduzir a demanda e obrigar a queda nos preços e isso foi feito tendo como resultado a queda de mais de 3% no PIB em 2015 e o aumento da taxa de desemprego. Assim, se com toda a recessão de 2015 os preços não caíram, é porque uma parte da inflação brasileira tem origem independentemente da demanda, nos preços administrados. Esses preços, gasolina, energia elétrica e outros, já tiveram seus aumentos incorporados nas planilhas de custos e não devem pressionar tanto a inflação em 2016, além disso, se a demanda está caindo não há necessidade de um aumento adicional dos juros. Mas se é assim, por que a inflação permanece alta em alguns segmentos? Por dois motivos básicos: a gastança do governo e um significativo grau de indexação que ainda perdura na economia e nenhum desses aspectos se resolve com aumento de juros. A gastança do governo tem de ser combatida com corte efetivo de gastos e não com anúncios de corte virtual de ministérios e cargos. E a indexação da economia – regida por contratos vinculados a índices de preços e a negociações salariais – precisa ser equacionada com outros mecanismos que estimulem e promovam uma maior desindexação da economia. Na verdade, a inflação esperada para 2016 não tem nada a ver com excesso de demanda e será produzida pela alta adicional dos preços administrados, como o recente aumento nas tarifas de ônibus e pela desvalorização do dólar. Ou seja, aumentar os juros será inócuo, a não ser que o Banco Central queira dar um recado político, no sentido de que o governo mantém as rédeas da economia. Será um recado caro, pois um aumento de 1% na Selic significa uma queda de pelo menos 0,5% no PIB. E o pior é que o governo insiste numa política econômica bipolar, pois ao mesmo tempo que vai aumentar a taxa de juros acena com medidas para estimular o crédito, sem perceber que uma ação anula a outra. Em resumo: se começar o ano aumentando os juros e ao mesmo tempo estimulando o crédito, o governo estará mostrando que ainda não descobriu para onde quer ir.>
É hora de fazer negócios O ano de 2015 consolidou a crise e obrigou aos agentes econômicos a fazer fortes ajustes em suas planilhas de custos. Houve corte no quadro de pessoal, redução de custos fixos, melhoria nos padrões de logística e negociações difíceis com fornecedores para viabilizar preços mais baixos no atacado, para assim conseguir redução de preços no varejo. Ou seja, quem sobreviveu a 2015 está apto para enfrentar 2016. Com planilhas mais estruturadas, é hora de exercer a criatividade, ampliando as parcerias, viabilizando liquidações e promoções, buscando novos mercados, investindo em propaganda e muito mais. E ficar na expectativa de que a crise política seja resolvida no primeiro semestre, pois apenas isso já dará novo fôlego ao mercado. Em resumo: se a crise política for superada, de um jeito ou de outro, 2016 terá mais crescimento do que 2015.>
As prioridades no orçamento de RuiO governo do estado publicou esta semana as estimativas de despesas por secretaria para o ano de 2016, de acordo com a lei orçamentária aprovada na Assembleia Legislativa do estado. A alocação de recursos e o aumento da dotação orçamentária de cada órgão permite avaliar quais as prioridades do governador Rui Costa. Afora, as três secretarias principais, Educação, Segurança Pública e Saúde, que respondem por quase 40% das despesas estimadas com recursos do tesouro, a maior dotação é da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, responsável pelas obras de mobilidade urbana e pelo programa Minha Casa Minha Vida, com despesas estimadas em R$ 2,6 bilhões, um crescimento de 16,3% em relação a 2014. Em relação aos investimentos, mais de 40% destinam-se a Salvador e essa é uma prioridade. Outras secretarias tiveram um crescimento extraordinário nas suas dotações, a exemplo da Secretaria de Turismo, com um acréscimo de 114% em relação a 2014, e a Secretaria de Infraestrutura com incremento de 74%. >
As secretarias de Tecnologia e Inovação e de Meio Ambiente também ampliaram seus recursos em cerca de 30%, enquanto Desenvolvimento Rural e Comunicação Social tiveram incremento de cerca de 18%. A Secretaria de Planejamento, do vice-governador João Leão, foi esvaziada com seu orçamento sendo reduzido em 100%, enquanto as secretarias de Agricultura e de Administração Penitenciária registram perda real, com um incremento nominal em torno de 0,8%. Chama atenção também a Assembleia Legislativa do estado, que vai gastar meio bilhão de reais em 2016, três vezes mais que a Secretária de Turismo, e o Tribunal de Justiça cuja dotação é de R$ 2,1 bilhões. São apenas estimativas, não levam em conta as fontes externas, e ao longo do ano podem haver contingenciamentos ou suplementações, mas dão uma ideia clara das prioridades de governo.>
A Petrobras e a BraskemO Brasil é um país que não para de surpreender a gente. A notícia de que a Petrobras pretende vender sua participação na Braskem, por exemplo, foi amplamente noticiada pela imprensa, sem que a estatal fizesse qualquer comunicação ao mercado ou à Comissão de Valores Imobiliários, como seria de esperar. Afinal, não é um negócio pequeno, ambas as empresas possuem ações em bolsa de valores e uma notícia dessa magnitude pode influenciar as cotações. É um negócio de porte, afinal, a participação da Petrobras, que controla 36,1% do capital total da empresa e 47% do capital votante, é avaliada em R$ 5,3 bilhões, mas a posição da Braskem é bastante confortável. >
A empresa acaba de inaugurar um complexo petroquímico no México, entrando assim no monumental mercado americano; assinou um contrato de longo prazo com a própria Petrobras para fornecimento de nafta, eliminando o fator de incerteza; as ações da empresa estão valorizadas no mercado e a alta do dólar beneficiou sobremaneira o desempenho da empresa. Mas o mercado petroquímico é competitivo e a venda ocorrerá ao mesmo tempo em que a Saudi Aramco, mamute petroquímico da Arábia Saudita, vai ampliar o capital da empresa vendendo ação no mercado. De todo modo, chama a atenção um certo despreparo com a Petrobras anunciando de supetão que vai vender sua participação na maior empresa petroquímica da América Latina.>
O fluxo de turistas no Verão da BahiaSe o número de turistas que vai visitar Salvador no Verão for o que estão anunciando por aí, a cidade vai parar. Fala-se em 5 milhões de turistas em três meses, mas ninguém diz de onde virá tanta gente. Os números atuais indicam que Salvador recebe cerca de 1 milhão de turistas por ano e 200 mil turistas estrangeiros. Fico no aguardo da fonte dos dados, mas lembro que quem mora em Lauro de Freitas e vem para o Carnaval não é exatamente um turis>