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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 05:00
A crise nacional da segurança pública tem provocado movimentações políticas que, na avaliação de líderes oposicionistas baianos, podem redefinir o cenário eleitoral no estado. Esses interlocutores afirmam que a megaoperação no Rio de Janeiro - amplamente apoiada pela população brasileira e pelos moradores da capital fluminense - serviu como um catalisador para reorganizar o campo da direita, inclusive na Bahia. >
Segundo essas lideranças, a direita havia se desarticulado após a campanha pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o desgaste provocado pelo tarifaço de Trump, que reduziu a mobilização popular do campo da oposição. Agora, porém, o tema da segurança pública volta a unificar o discurso oposicionista em torno de um adversário comum: o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).>
115 Mortos na Megaoperação do Policia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho
Lula acuado e sem narrativa>
Para dirigentes baianos da oposição, o governo Lula atravessa um momento de fragilidade. A percepção é de que o Palácio do Planalto está “acuado” diante da escalada da violência e da cobrança social por resultados, sem conseguir apresentar uma narrativa capaz de capitalizar o apoio popular. Esses líderes avaliam que o tema da segurança pública não oferece ao governo petista um caminho claro de resposta.>
Impactos na Bahia>
Entre as lideranças ouvidas pela coluna, há consenso de que a crise da segurança pública favorece a candidatura do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). O raciocínio é simples: com a direita nacional mais unificada, cresce também o potencial eleitoral do grupo oposicionista.>
Entre os nomes da direita, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ainda é visto como o presidenciável mais competitivo - e uma eventual aproximação entre Tarcísio e Neto é considerada estratégica. >
Os interlocutores ressaltam que, em 2022, pautas nacionais como a pandemia e a defesa da democracia influenciaram o eleitorado baiano. Agora, avaliam, o tema da violência pode ter o mesmo peso simbólico e atingir inclusive setores tradicionalmente lulistas que convivem com a opressão das facções criminosas.>
Disputa na chapa>
Uma ala da oposição defende que a futura chapa de Neto privilegie prefeitos e ex-prefeitos do interior. Outra corrente, porém, avalia que essa estratégia não será determinante. Para esses líderes, um nome que é importante para agregar é do ex-ministro João Roma (PL), o que evitaria um racha no campo da direita baiana. >
Essa mesma ala, no entanto, entende que, caso Roma integre a chapa, será necessário incluir também uma liderança com perfil mais social para construir um discurso de frente ampla.>