Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Armando Avena: o turismo e a criatividade em tempos de crise

  • D
  • Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 05:35

 - Atualizado há 3 anos

Imaginação e conhecimento são as duas palavras mágicas para se enfrentar uma crise econômica sem ser tragado por ela. O conhecimento do mercado permite identificar os nichos de crescimento abertos no processo de desaceleração econômica. Isso porque a crise sempre gera oportunidades e aquele que souber identificá-las vai sobreviver e até ganhar mais no futuro.

O turismo, por exemplo, setor no qual a Bahia já tem uma vantagem competitiva óbvia, abriu um nicho de crescimento em plena recessão e foi beneficiado por uma das consequências da política recessiva: a alta na cotação do dólar. Esta semana, o Ministério do Turismo divulgou  pesquisa mensal de intenção de viagem do mês de agosto, na qual se constata que  20% dos entrevistados afirmam que vão viajar nos próximos seis meses, e 78% dizem que vão preferir destinos nacionais e que o Nordeste continua sendo a região mais desejada, com 44,9% das preferências.

Ou seja, a alta do dólar pode beneficiar o turismo baiano, pois, mesmo com a redução do fluxo de turistas, uma parcela deles, provavelmente de alta e média renda, vai continuar viajando e vai deixar de ir ao exterior, preferindo os destinos nacionais.  De posse desse conhecimento, o empresário precisa, então, ter imaginação e ser capaz de tornar seu produto turístico mais atrativo, diferenciado e bem posicionado no mercado, para competir com outros locais como Recife, Rio de Janeiro e Fortaleza. Já sei que a situação está difícil, que o Centro de Convenções está fechado, os bares fechando as portas  e os custos estão elevados, mas é aí que entra a imaginação e a publicidade.  

“Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento”, dizia Albert Einstein. E esse é o caminho para quem não está disposto a ficar esperando ser atropelado pela crise.  O conhecimento é fundamental para identificar o nicho de mercado.

Já a imaginação é fundamental para diferenciar o bem ou serviço que se vende. Ou seja, o mercado de turismo baiano tem de se diferenciar para atrair esse cliente que antes preferia ir ao exterior. E para isso será preciso usar preço, promoções, publicidade, enfim, imaginação.

Diferenciar o bem ou serviço que se vende é o caminho e a  diferenciação de um produto pode ser real ou imaginária, mas é ela que lhe permite um melhor posicionamento no mercado. Todo e qualquer produto pode ser diferenciado. Já dei aqui mesmo nesta coluna o exemplo do acarajé, um bolinho de feijão frito no azeite e que parecia indiferenciável e a criatividade baiana deu-lhe nome e sobrenome, e assim surgiu o acarajé de Cira, de Regina e de tantas outras, e eles são realmente diferentes.

O mesmo ocorreu recentemente com a carne de boi. E não é só no turismo,  há  oportunidade de negócios  no mercado imobiliário, por exemplo, pois os imóveis em Salvador estão baratos, em termos relativos, e podem se tornar um investimento de alto retorno para o investidor, especialmente os paulistas, a médio prazo, naturalmente.

Semana passada, em uma palestra para os corretores que vão vender um imóvel de alto luxo em Piatã, mostrei a eles que o preço por m² em Salvador era três vezes menor do que o de qualquer imóvel de luxo no Rio ou São Paulo.

Outros segmentos, como a Bolsa de Valores, onde algumas ações estão com seu preço extremamente depreciado, podem ser um boa oportunidade de negócio, especialmente para quem tem sangue frio. Em resumo: tinha razão John Kennedy quando dizia: “Quando escrito em chinês, a palavra crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro a oportunidade”.

O horário de VerãoIndagam-me sobre a não participação da Bahia no horário de Verão. Sob o ponto de vista econômico, é óbvio que a economia baiana tem mais vinculações com o Sul e Sudeste do país do que com a do Nordeste, por isso deveria estar incluída no horário de Verão. Mas há um erro de origem na adoção dessa medida, dado pelo fato do governo federal facultar aos estados a decisão de entrar ou não no horário de Verão.

Com isso, dá aos governadores o poder de decisão e, naturalmente, eles decidem de acordo com  o desejo da maioria da população. Em 2003, por exemplo,  o senador Antonio Carlos Magalhães apresentou um projeto de lei que obrigava o Executivo federal a, quando adotar o horário de Verão, estendê-lo para todo o território nacional, mas, infelizmente, o projeto não foi a plenário. Estava certo o senador.  Se o horário de Verão é bom, que seja para todo o país.

O problema é que muitos analistas passaram  a questionar a adoção do horário de Verão, afirmando que a medida seria de pouca valia do ponto de vista da economia de energia e, por isso, existem vários projetos em tramitação no Congresso que simplesmente extinguem a prática.

Soja sobe, cacau despencaA safra agrícola baiana em 2015 deve atingir um volume superior a  8,7 milhões de toneladas, 20% maior que a verificada em 2014, segundo estimativa do IBGE. Mas os agricultores estão preocupados com o aumento dos juros agrícolas e com a seca que começa a atingir o semiárido baiano, além da queda de preço dos produtos no mercado internacional, especialmente por conta da redução na demanda da China.

A agropecuária baiana tem motivos para rir e para chorar. No primeiro caso com a produção recorde de soja, que vai atingir 4,5 milhões de toneladas, um crescimento de 40% em relação ao ano de 2014.  Com esse resultado, a participação da produção de soja da Bahia na produção nacional subiu de 3,7% em 2014 para 4,7%, em 2015.

O choro vem por conta da safra de cacau, que vai ter uma quebra de 21,%. O cacau baiano vem perdendo posição na produção nacional, pois em 2014 respondia por 61% do total produzido no país e em 2015 essa participação vai cair para  54,3%.

A Bahia e o ajuste fiscalO novo ajuste fiscal, que prevê a volta da famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), vai afetar a economia baiana em vários segmentos. O mercado imobiliário, por exemplo, será afetado diretamente com os cortes previstos no PAC para o programa Minha Casa Minha Vida, que, no primeiro semestre, foi responsável por 90% dos lançamentos no estado.

Os recursos do PAC para a Bahia, por outro lado, já tinham sido reduzidos anteriormente e afetado projetos estruturantes como a Ferrovia Oeste-Leste, e o mesmo deve acontecer com os recursos do PAC mobilidade, que seriam disponibilizados para o metrô, BRT e VLT do Subúrbio. Empréstimos já negociados com entidades internacionais estão suspensos, tanto na prefeitura quanto no governo do estado.

O setor exportador também será afetado com o corte de R$ 2 bilhões no Reintegra, programa que reduz impostos cobrados em duplicidade o que ocorre nas operações de mercado externo.  As empresas exportadoras já amargam o aumento nas taxas de juros para contratos de câmbio, um dos efeitos da perda do grau de investimento.

A agropecuária baiana, único setor da economia que apresentou crescimento do PIB em 2015, também será afetada, já que o governo reduziu os recursos da política de preços mínimos para produtos agrícolas.

Para completar, o governo quer abocanhar 30% do orçamento do Sistema S, que é fundamental para o treinamento e qualificação da mão de obra.

Por fim, a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) vai aumentar custos de forma generalizada, já que é um imposto em cascata que se dissemina por toda a economia.