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Calor extremo e saúde pública: o alerta global que não podemos ignorar

Noites quentes reduzem o descanso, aumentam riscos cardiovasculares e comprometem a recuperação do organismo

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 05:00

Em 50 anos, calor extremo pode tornar regiões brasileiras inabitáveis
Em 50 anos, calor extremo pode tornar regiões brasileiras inabitáveis Crédito: Freepik

Participei, representando a Prefeitura de Salvador, do Resilient Cities Forum, em Londres, onde especialistas de diversos países discutiram um tema urgente: o impacto do calor extremo na saúde humana. A crise climática já se expressa no aumento de internações e em sistemas de saúde sob forte pressão. O calor deixou de ser desconforto e tornou-se uma ameaça real.

Os dados apresentados impressionam. Estudos internacionais estimam que mais de 489 mil pessoas morrem por ano devido ao calor extremo. A região europeia da OMS concentra 36% dessas mortes — cerca de 175 mil anualmente. Em regiões tropicais, onde altas temperaturas e umidade se combinam, o estresse térmico agrava doenças crônicas, aumenta internações e acelera a deterioração da saúde, especialmente entre pessoas vulneráveis. Muitas mortes nem são registradas como relacionadas ao calor, pois ele intensifica quadros cardiovasculares, respiratórios e renais.

O Fórum destacou os perigos do calor extremo. Acima de certos limites de temperatura e umidade, o corpo perde a capacidade de resfriar-se naturalmente, podendo entrar em colapso. Noites quentes reduzem o descanso, aumentam riscos cardiovasculares e comprometem a recuperação do organismo. Durante ondas intensas de calor, hospitais ao redor do mundo registram aumentos significativos de atendimentos emergenciais.

Entre os grupos mais vulneráveis, destacam-se as crianças. Elas aquecem mais rápido, desidratam com facilidade e têm menor capacidade de autorregulação térmica. Estudos mostram efeitos cognitivos: irritabilidade, queda de atenção, pior desempenho escolar e prejuízos ao sono — etapa crucial para o desenvolvimento neurológico.

A desigualdade agrava ainda mais o cenário. Populações vulneráveis, trabalhadores expostos ao sol, idosos e crianças em áreas densamente construídas enfrentam sensação térmica muito superior aos registros oficiais, vivendo em verdadeiras ilhas de calor. Com 70% da população mundial vivendo em cidades, e 85% no Brasil, os riscos tendem a aumentar. Ambientes urbanos acumulam calor, reduzem ventilação e ampliam danos à saúde.

Em Londres, debatemos medidas como planos de ação para ondas de calor, sistemas de alerta antecipado, criação de refúgios climáticos, expansão da infraestrutura verde e maior integração entre saúde pública e adaptação climática.

O mundo já aqueceu e continuará aquecendo. Mesmo com avanços na mitigação, será indispensável preparar sistemas de saúde e infraestrutura urbana para eventos extremos mais frequentes e intensos. Enfrentar o calor extremo é, sobretudo, um compromisso global com a vida.

Ivan Euler Paiva é Mestre em Engenharia Ambiental Urbana e Secretário de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal de Salvador

Tags:

Saúde Calor