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Com 85% de acerto, IA revoluciona diagnósticos complexos e transforma o papel do médico

Novas ferramentas de IA já superam médicos em diagnósticos difíceis, prometem democratizar a saúde e liberar profissionais para um cuidado mais humano

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 18:00

Médicos fazem cirurgia robótica
As máquinas não substituem os médicos, mas ampliam sua capacidade Crédito: Fábio H. Mendes/E6 Imagens

Diagnosticar corretamente casos clínicos complexos sempre foi um dos maiores desafios da medicina. A precisão, nesses contextos, exige tempo, análise multidisciplinar e profundo conhecimento técnico, recursos nem sempre disponíveis na rotina da maioria das instituições de saúde. Diante desse cenário, vejo os sistemas de inteligência artificial se consolidando como aliados poderosos, especialmente quando há necessidade de integrar grandes volumes de dados em tempo real.

Recentemente, o sistema MAI-DxO, da Microsoft, alcançou 85,5% de acurácia ao analisar 304 casos clínicos complexos publicados no New England Journal of Medicine. Para comparação, um grupo de 21 médicos experientes teve 20% de acertos nos mesmos casos. Além da precisão, o sistema mostrou ganhos econômicos relevantes: até 20% de redução nos custos com exames, superando em eficiência até modelos anteriores de IA, como o GPT-3.

A diferença está na capacidade de processar, em segundos, dados clínicos, exames e literatura médica global. É como digitalizar a lógica de uma junta médica, algo antes restrito a hospitais altamente estruturados. Quando agentes inteligentes trabalham em rede, o resultado é mais poderoso do que qualquer ferramenta isolada.

IA como o 'médico mais experiente'

As máquinas não substituem os médicos, mas ampliam sua capacidade. Enquanto um médico pode ter acompanhado milhares de casos, a IA acessa milhões de registros e estudos simultaneamente. Costumo usar uma analogia: motoristas autônomos da Waymo já dirigiram mais de 15 milhões de km, enquanto um motorista experiente, em 30 anos, talvez tenha percorrido 1 milhão. Nesse sentido, a IA se parece com o “médico mais experiente do mundo”, no que diz respeito à sua exposição a dados.

Outro diferencial é a ausência de fadiga ou viés cognitivo. Um médico, ao fim de um plantão de 12 horas, pode ter o julgamento afetado, a IA não sofre esse tipo de limitação. Isso reforça porque acredito que a colaboração entre profissionais e sistemas inteligentes deixou de ser opcional: tornou-se inevitável.

Medicina colaborativa, não substitutiva

Essa revolução não elimina o papel do médico, redefine-o. Entendo que agora o profissional evolui de “diagnosticador” para “orquestrador” da experiência de saúde do paciente. Quando um médico deixa de gastar até 40% do tempo em tarefas repetitivas, como diagnósticos diferenciais ou leitura de exames, ele pode usar essa energia para se dedicar ao cuidado humano, à prevenção e aos casos mais complexos.

Tradição de rupturas na medicina

A medicina sempre passou por rupturas. Estetoscópios, raios-X e sequenciamento genético foram inicialmente rejeitados. A diferença da IA é que ela não adiciona apenas uma nova capacidade, ela amplia todas simultaneamente. É como um “super-estetoscópio” que consegue ouvir, comparar, analisar e propor diagnósticos em tempo real.

A democratização do diagnóstico

Até pouco tempo, a IA era privilégio de hospitais milionários. Com a chegada da IA generativa, qualquer médico com smartphone passou a ter acesso a esses recursos. Isso significa que um clínico no interior do Brasil pode contar com apoio diagnóstico similar ao de especialistas em Hopkins ou Mayo Clinic. Essa democratização, na minha visão, é uma das maiores revoluções em curso.

O futuro próximo

Hospitais brasileiros como Einstein e Sírio já testam modelos preditivos. Minha recomendação para médicos é simples: experimentem agora. Não esperem a tecnologia “chegar pronta”. Quem começa primeiro terá vantagem competitiva.

Nos próximos anos, veremos a evolução para uma medicina preditiva e personalizada, onde diagnósticos serão instantâneos e cada paciente terá cuidado sob medida. Estamos só no começo de uma transformação muito mais radical do que imaginávamos, e que, acima de tudo, promete tornar a medicina não apenas mais eficiente, mas também mais humana.

Kenneth Corrêa é especialista em inovação e diretor de tecnologia da MedGuias