Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 16:34
A terceira morte decorrente da ingestão de bebida alcoólica contendo metanol em São Paulo foi confirmada nesta segunda-feira (29). O caso aconteceu em São Bernardo do Campo, na região metropolitana, e a vítima é um homem de 45 anos. Outras duas mortes causadas pela intoxicação de bebidas adulteradas foram registradas no estado em setembro. Casos como esses já provocaram mais de 60 mortes e 450 internações de baianos nos últimos anos. >
O caso mais emblemático registrado na Bahia aconteceu em 1999, quando ao menos 35 morreram e outras 400 apresentaram sintomas de envenenamento após a ingestão de uma cachaça artesanal. As intoxicações foram registradas em dez cidades da região sudoeste do estado. Entre elas estavam Nova Canaã, Dário Meira, Ibicuí, Poções e Itiruçu. >
Laudos do Departamento de Polícia Técnica do Instituto Médico Legal mostraram, na época, que nas sete amostras de cachaça colhidas nos bares da região, a proporção de metanol para cada 100 ml de álcool variava entre 2,85 e 20 ml. A quantidade aceitável seria de 0,25 ml por 100 ml.>
O então secretário de Saúde da Bahia, José Maria de Magalhães, disse aos jornais da época que o envenenamento não teria sido acidental. "Diante da quantidade de metanol encontrada nas amostras, podemos dizer que a contaminação não ocorreu de forma acidental, pelo uso de recipientes com resíduos de metanol, por exemplo. Houve intenção criminosa de lucro por parte dos responsáveis pela fabricação da aguardente", disse. >
Antes disso, em 1990, 14 pessoas morreram em Santo Amaro após a ingestão de cachaça contaminada por metanol. O comerciante Edvaldo Gomes Sales se entregou à polícia e assumiu ser responsável pela distribuição do produto. Na época, ele disse que não tinha conhecimento de que se tratava de um produto tóxico. >
Outras 13 mortes foram registradas nas cidades de Lamarão e Serrinha, no ano de 1997. Laudo técnico divulgado pela Delegacia do Ministério da Agricultura em Salvador (BA) revelou que a cachaça contaminada continha 68 vezes mais metanol do que o limite suportável pelo corpo humano. >
Três pessoas morreram em decorrência da ingestão de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol em São Paulo neste mês. Outros dez casos são investigados. As autoridades investigam a origem das bebidas. Em apenas 25 dias, foram 25 casos de intoxicação por metanol no estado, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP). O número de casos é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.>
"O Ciatox [Centro de Informação e Assistência Toxicológica] recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros", afirma a Secretaria Nacional. >
A pasta, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, ressalta ainda que são registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.>
O Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo recomenda atenção redobrada em estabelecimentos comerciais. “A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco”, pontua. >