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Publicado em 15 de outubro de 2025 às 05:00
Uma revolução silenciosa está em curso na Neurologia. E pode ser percebida por profissionais que estão atentos a como a Medicina do Estilo de Vida está transformando o tratamento das doenças cerebrais. >
Estudos recentes mostram que o estilo de vida influencia diretamente a neuroplasticidade, a neurogênese (formação de novos neurônios) e a saúde vascular cerebral. Um corpo inflamado, submetido a estresse crônico, privação de sono e alimentação pobre em nutrientes, cria um ambiente propício ao desenvolvimento de doenças neurológicas e psiquiátricas, como Mal de Alzheimer e outras demências, Acidente Vascular Cerebral (AVC), Parkinson. >
Por décadas, o tratamento de condições neurológicas focou predominantemente no controle sintomático através de medicamentos. Embora importantes, essas abordagens frequentemente negligenciam um aspecto fundamental: o poder do estilo de vida na gênese, prevenção e evolução dessas doenças. >
A Medicina do Estilo de Vida (MEV) emerge, não como uma alternativa, mas como um pilar complementar e essencial, oferecendo um arsenal de recursos terapêuticos baseados em evidências para enfrentar algumas das condições neurológicas mais prevalentes do nosso tempo.>
A neurologia do século XXI não pode se dar ao luxo de tratar o cérebro como um órgão isolado. A Medicina do Estilo de Vida oferece alicerce baseado na ciência para uma abordagem integrativa e proativa. Ela nos ensina que as escolhas diárias — o que comemos, como nos movemos, como dormimos e como gerimos o estresse — são potentíssimas ferramentas de neuromodulação. >
Para o paciente neurológico, adotar esses pilares não se trata de um “estilo de vida alternativo”; é, muitas vezes, a possibilidade de escolha entre a progressão implacável da doença e uma vida com mais qualidade, funcionalidade e esperança. O futuro do cuidado neurológico é a integração: a medicação certa, no momento necessário, aliada ao poder transformador do estilo de vida.>
Sabemos que o desencadeamento de muitas doenças neurológicas hoje tem profunda conexão com o estilo de vida. A Esclerose Múltipla (ES) é um exemplo. Baixos níveis de Vitamina D, tabagismo, obesidade na adolescência e disbiose intestinal são fatores de risco ambientais consolidados. Por isso, para a prevenção de ES, com abordagem da medicina do estilo de vida, é recomendada uma otimização da Vitamina D, dieta anti-inflamatória e rica em Ômega-3; na prevenção da Doença de Alzheimer, a medicina do estilo de vida preconiza a atividade física primordialmente, também o aprendizado de novas línguas; na cefaleia/enxaqueca, a redução de laticínios e de alimentos ricos em histamina faz parte das orientações e faz toda a diferença.>
E para os quadros já instalados, a medicina do estilo de vida aliada à prática integrativa, consegue reduzir, em muitos casos, a quantidade excessiva de medicações e também, melhorar muito a qualidade de vida dos pacientes.>
Italo Almeida é neurologista e diretor médico da Neuro Integrada, clínica especializada em Medicina Integrativa e Medicina do Estilo de Vida.>