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Como nasce uma escritora?

De tempos em tempos eu os revisto, encontrando algo que escrevi no passado e realizei no presente. É, literalmente, um presente

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 02:00

Papel e caneta são suficientes para eu começar a escrever. Isso mesmo que você está lendo! Em plena era digital, época da informação rápida, dos “tempos líquidos”, como diria o filósofo de nome difícil, Zigmund Bauman, o simples fato de ter um suporte e uma ferramenta de escrita, me impele ao ato de escrever, já que minha cabeça é povoada por ideias e eu preciso de um espaço para registrá-las, guardá-las, deixá-las decantar e amadurecer.

Na infância customizei agendas para dar vazão aos pensamentos fulgazes da mente e aos sentimentos escondidos no coração. Tinha um cantinho que ninguém podia ler, escrito em inglês para os curiosos de plantão não entenderem (será que não entendiam?). Da agenda evoluí para o caderno. Sou a louca dos cadernos, planners, agendas, bloquinhos. A música O caderno de Toquinho: “sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o beabá...”, que me acompanhou na infância e faz parte do meu repertório nas contações de histórias, faz todo sentido em minha vida.

Tenho, sempre que posso, à mão um canto-caderno para transferir meu pensamento, antes de desaparecer, pois eles vêm e vão... É como no filme de Harry Potter, quando o mago Dumbledore usa sua varinha para retirar a memória da cabeça e guardar no recipiente, antes que ela se esvaia. Bem assim que funciona para mim! Então, eu tenho uma coleção de cadernos que são relicário dos meus escritos. Eles têm ideias, projetos, textos, pensamentos, sentimentos e muito mais... De tempos em tempos eu os revisto, encontrando algo que escrevi no passado e realizei no presente. É, literalmente, um presente.

O caderno sempre foi companheiro e a escrita terapeuta. Ajudam a me conhecer, compreender, guardar segredos e manifestar opiniões. A escrita e as histórias me deram régua e compasso para a expressão! Eu disse que uso papel e caneta? Mas, não se engane, não sou obsoleta. Quando a ideia é bem rápida e não tenho um caderno por perto, escrevo no bloco de notas do celular. Eu aderi à era digital, mas ela ainda coexiste com o manuscrito e a textura, o cheiro e o toque. Com os sentidos e o sentido de escrever com papel e caneta que fazem todo sentido para mim.

Pois bem, eu nasci como escritora quando aprendi a escrever e percebi que a escrita me ajudaria a me tornar quem eu sou. Só tomei consciência disso há alguns anos. Então, resolvi publicar livros infantis, como Morada, o mais novo lançamento que surgiu da curiosidade sobre o bairro da Mouraria. Afinal, as infâncias são lugares que moram dentro, que admiro e respeito, que tenho forte conexão e que por isso sempre atuo com elas, como professora, contadora de histórias e escritora. Bem, a minha eu-escritora nasceu há tempos atrás, mas eu só a (re)descobri agora. E a sua escritora, já nasceu? Onde ela mora? Para nascimentos e moradas, é sempre tempo... Bem vinda!

Lucianna Ávila é pedagoga, mestranda em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), contadora de histórias e escritora.