Lucas Reis: A geração alfa está sendo criada para ser independente

Joanna Piacenza, Head de Inteligência da Morning Consult levou o tema 'Apresentando a geração alfa: uma nova audiência chave' para o SXSW em Austin, no Texas (EUA)

Publicado em 13 de março de 2024 às 18:07

Joanna Piacenza, Head de Inteligência da Morning Consult levou o tema 'Apresentando a geração alfa: uma nova audiência chave' para o SXSW em Austin, no Texas (EUA) Crédito: Lucas Reis

Os nascidos após 2012 formam a chamada Geração Alfa, que está chegando à adolescência agora. Apesar de ainda não ter alcançado a idade produtiva, estas crianças já impactam um volume considerável da economia, como Joanna mostrou.

Esta geração está sendo criada num contexto bastante sui generis: uma pandemia global, rupturas tecnológicas sucessivas e um surto inflacionário global. Em parte, estes acontecimentos não impactam os Alfas diretamente, mas sim através dos seus pais. 73% dos pais da Geração Alfa são Millenials (nascidos entre 1981 e 1996), que se sentem fragilizados financeira e psicologicamente. Por isso, a prioridade para estes pais é criar filhos que sejam financeiramente bem-sucedidos, além de mental e fisicamente saudáveis. Prioridades comuns em pais de gerações anteriores, como "oferecer experiências que eu não tive", são deixadas de lado pelos pais Millenials.

Como há um esforço deliberado para tornar os filhos independentes, 1/3 dos pais já tiveram conversas sobre temas sensíveis, como racismo e cuidado com meio ambiente. Além disso, a Geração Alpha é envolvida nas decisões da família, tendo voz e voto. Isso impacta em decisões de compra, por exemplo, no turismo, área em que 63% dos pais afirmam que escolhem destinos com base nas preferências dos filhos da geração alfa. Estas preferências tem sido moldadas cada vez mais cedo. Por exemplo, 87% dos Alfas pedem produtos pela marca (a sua preferida).

No que se refere ao uso de telas, ponto bem relevante para a criação de crianças hoje, Joanna trouxe dados importantes. Primeiro, a maior parte dos Alfas (55%) preferem atividades ao ar livre do que ficar em frente as telas, mas 57% deles passam mais que 3 horas vendo telas. O dispositivo mais comum para essa geração são tablets. Em parte, porque estes são aparelhos usados para atividades objetivas (como estudar), tomando menos tempo das crianças que computadores de mesa, por exemplo. A especialista mostrou que 71% das crianças que têm um computador pessoal passam mais que 7 horas por dia em frente a ele.

A principal descoberta sobre esta nova geração, a Alfa, é que ela está sendo criada para participar das decisões e poder ter uma vida saudável, mental, física e financeiramente, e isso já se reflete nas decisões de consumo tomadas hoje pelos seus pais, o que é um indicador de que, no longo prazo, quando estas crianças se tornarem adultos e começarem a decidir sobre o destino da sua renda, deverá ser mais questionadora e menos afeita a seguir modelos feitos para outras gerações.

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Lucas Reis Crédito: Acervo Pessoal

*Lucas Reis é integrante da delegação brasileira que viajou para acompanhar o South by Southwest (SXSW) em Austin, no Texas (EUA).