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Mulheres na ciência: prêmio Carolina Bori

No Brasil, só em 2024 uma mulher negra chegou ao nível 1A do CNPq, o mais alto patamar em pesquisa

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 05:00

Por muito tempo, as mulheres só puderam fazer ciência na clandestinidade. Universidades, laboratórios e conferências eram espaços exclusivamente masculinos. A história registra inúmeras lutas para que pudessem frequentar esses ambientes e ter reconhecimento acadêmico.

Apenas depois de muita persistência, conquistaram o direito de ingressar no ensino superior como estudantes, docentes e pesquisadoras. Baseado em fatos reais, o filme ‘Estrelas Além do Tempo’ (2016) mostra o cotidiano de três mulheres negras, matemáticas notáveis, que nos anos 1960, precisaram enfrentam o sexismo e o racismo dentro da Nasa.

Uma evidência da discriminação generificada, também profundamente instalada nos ambientes acadêmicos, como explicita Richard Hall em artigo de 2021, ao falar da reprodução das desigualdades que incidem justamente em pessoas que estão em situações vulneráveis, no caso mulheres, negros, indígenas, pessoas que fogem às normas cis-heternomativas e deficientes. Agregado a esse pensamento, a ideia de que certas áreas da ciência seriam “para homens” e outras “para mulheres” reforçam modelos excludentes. Em ‘Uma outra ciência é possível’, Isabelle Stengers discute ciência e gênero. Ela aponta que a competição e as condições de trabalho definem quem pode permanecer e ter sucesso: apenas “pesquisadores de fibra”.

Enquanto homens teriam dedicação exclusiva às pesquisas, apoiados no trabalho e cuidado das mulheres na esfera familiar, pesquisadoras, ao acumularem essas responsabilidades, seriam vistas como inaptas, sem a “fibra” necessária para a carreira acadêmica. A ciência não é neutra. No Brasil, somente em 2024 uma mulher negra chegou ao nível 1A do CNPq, o mais alto patamar em Produtividade em Pesquisa. Rosy Mary dos Santos Isaias, com isso, abre as portas para avanços na área, sempre com muita luta. Editais mais recentes de apoio à pesquisa já consideram a licença maternidade, a necessidade de espaços de recreação em eventos científicos, bolsas específicas e critérios de avaliação que buscam garantir um mínimo de equidade.

Buscar as pesquisadoras brasileiras e sua representatividade para as gerações futuras é pensar no fortalecimento da equidade de gênero na academia e inspiração para que outras meninas sigam carreiras científicas. Nesse contexto, o Prêmio Carolina Bori surge como mais uma ação de reparação, dando visibilidade a mulheres de destaque na ciência e na tecnologia nacionais. Em sua 7ª edição, promovida pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), serão contempladas pesquisadoras de três grandes áreas: Humanidades; Biológicas e Ciências da Saúde; e Engenharias, Exatas e Ciências da Terra. As indicações devem ser feitas pelas Sociedades Científicas afiliadas à SBPC e as inscrições estão abertas até 7 de novembro de 2025.

Mais informações em sbpcnet.org.br

Salete Cordeiro é Secretária regional da SBPC Bahia. Professora da FACED/UFBA; e-mail: salete.noro@ufba.br