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Paz desarmada e desarmante

É preciso ‘desarmar-se’, rejeitando a lógica da violência, da vingança e da guerra

  • Foto do(a) author(a) Dom Sergio da Rocha
  • Dom Sergio da Rocha

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 05:00

Ataque em Gaza em abril de 2025
Ataque em Gaza em abril de 2025 Crédito: Shutterstock

A paz é um anseio que se difunde, sempre mais, em todo o país e no mundo, pelas situações de extrema violência veiculadas todos os dias pela mídia e sentidas pela população. A vida e a dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulneráveis têm sido violadas de muitos modos. A gravidade e a complexidade da realidade não podem levar à passividade e ao desânimo, nem a soluções equivocadas de cunho emocional. A construção da paz é uma tarefa de extrema urgência, a ser compartilhada e assumida em mutirão, devendo receber prioridade máxima. Não podemos nos acostumar com as múltiplas faces da violência no Brasil e com os conflitos armados no mundo. É preciso dizer juntos, sem se cansar, “não” à violência e “sim” a paz. Todos podemos contribuir para uma cultura de paz, com iniciativas espontâneas no dia a dia, nas famílias, nas redes sociais, nas ruas, nas escolas, no trabalho, nas áreas de lazer, dentre tantos outros ambientes. A sociedade civil organizada e, de modo particular, as igrejas e tradições religiosas, enquanto religiões pela paz, são interpeladas a colaborar sempre mais. Entretanto, há situações e fatores que exigem, sempre mais, a atuação decidida e decisiva dos poderes públicos. Os políticos e governantes têm a grave responsabilidade de redobrar os esforços pela superação da violência, identificando os fatores sociais causadores.

O caminho para a paz deve ser percorrido com passos firmes e permanentes de diálogo, respeito, justiça e solidariedade, ao invés do recurso às armas e à vingança. O poder destruidor das armas, potencializado pela tecnologia, é assustador, vitimando civis nos conflitos armados espalhados pelo mundo. A violência na realidade local e nacional não é menos cruel e aterrorizante. O fácil acesso às armas, especialmente por grupos criminosos, tem causado ainda mais violência e morte, ao invés de contribuir para a segurança e a paz. O clamor pela paz torna-se cada vez mais forte exigindo respostas efetivas e urgentes.

Desde o início do seu pontificado, o Papa Leão XIV, continuando os esforços do saudoso Papa Francisco, tem insistido muito na necessidade da paz no mundo, repetindo diversas vezes a expressão “paz desarmada e desarmante”. O cessar-fogo, tão necessário para superar conflitos no mundo, não deve restringir-se às armas. É preciso “desarmar-se”, rejeitando a lógica da violência, da vingança e da guerra, para abraçar uma paz autêntica fundada no amor e na justiça. “Paz desarmada”, porque não é baseada na ameaça, no medo e nas armas. “Paz desarmante”, nas palavras e atitudes, capaz de construir pontes, promover a reconciliação e dissolver conflitos.

A saudação de Jesus Cristo Ressuscitado, “a paz esteja convosco” é dom ofertado a todos, a ser acolhido com gratidão e compromisso, mas é também tarefa a ser compartilhada, com responsabilidade, em meio a tantas vítimas da violência e das guerras.

Dom Sergio da Rocha é cardeal arcebispo de Salvador