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Presentear, um ato de amor ou de consumo?

Presentear é fundamental na construção de laços afetivos

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 20:26

Dia das Crianças chegando e começa a corrida em busca dos presentes e, juntamente com a diversão, vem a preocupação dos pais sobre o risco do consumismo desenfreado e do valor que o presente traz. Presentear é fundamental na construção de laços afetivos, é uma forma de demonstrar o quanto alguém é valioso para si, e são nestas trocas que os vínculos são reforçados, mas também pode carregar muitos sentimentos escondidos?

O ato de dar e receber presentes é fundamental para constituição de vínculos e, sabendo disso, prontamente o mercado se apropria deste importante valor humano para precificar o valor do afeto. Em uma sociedade do consumo o valor do ser pessoa é trocar pelo quanto ela pode ou não comprar. A competividade torna-se a marca do poder e da conquista. Na busca pela “roupa de marca”, pelo “jogo mais caro”, pelo “celular mais moderno” está implícita uma competição de quem pode mais. Neste caso, o foco do presente não está no afeto, mas no bem de consumo, no poder.

Se você observar com cuidado pais e familiares podem gastar muito dinheiro em brinquedos refinados, mas, sob o olhar da criança, estes objetos possuem valor igual ou até inferior ao de um mero graveto de madeira ou uma simples caixa de papelão. Na fase inicial da vida a criança está interessada no que verdadeiramente a atrai. Quanto mais a criança cresce mais ela entra em contextos sociais e, assim, passa cada vez mais a querer ser reconhecida e valorizada pelo outro. A partir deste momento, os brinquedos podem deixar de cumprir valor afetivo ou de diversão e ocupar o lugar de “status social”. Ter um objeto não é apenas pelo prazer pessoal, mas uma forma de mostrar ao outro, ao mundo, que eu posso. Quanto mais a criança e adolescente estiver preocupado em satisfazer o outro maior a chance de perder a noção do que é realmente importante para si e, é aqui que nascem as compulsões por jogos, por bens, por status. Quanto maior o vazio interior, maior o desejo por algo externo que a satisfaça.

Pensar o valor e o significado do presente não é um ato apenas para as crianças e adolescentes, mas também, para os pais. O ato de presentear também pode esconder nos pais um sentimento de culpa por ausência ou distanciamento afetivo. O presente vem como modo de compensar a falta. Portanto, questionar a si e a seus filhos qual o sentido do presente é uma oportunidade para criar relações mais humanas e mais afetivas.

Vinícius Farani é doutor em família, psicólogo clínico, docente da Faculdade Baiana de Direito e escritor