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Publicado em 8 de novembro de 2023 às 05:00
Recentemente, a discussão sobre o uso de smartfones em sala de aula ganhou maior notoriedade, dividindo opiniões tanto de educadores como das famílias. Entre os que se declaram contra o uso em sala de aula há argumentos recorrentes, relacionados ao possível potencial para distração e consequente impacto no desempenho acadêmico, além de preocupações com o cyberbullying e a exposição demasiada dos filhos à internet. >
Há os que acreditam no potencial dos smartphones como valiosa ferramenta educacional, quando usados de forma controlada e com intencionalidade pedagógica. Reconhecem o acesso rápido às informações para pesquisa em sala de aula e identificam o desenvolvimento de competências digitais necessárias à inserção sociocultural e esperadas para o mundo do trabalho. >
Outro aspecto apontado na defesa refere-se à igualdade na recepção da informação, pois nem todos os alunos possuem acesso a computadores nos domicílios ou à internet, o que limitaria a possibilidade de pesquisas domiciliares, por exemplo. Para os que apontam a desigualdade de acesso aos equipamentos móveis, justificando a rejeição, seus defensores apresentam pesquisas recentes demonstrando que esse recurso garantiu, em larga medida, a manutenção de atividades pedagógicas durante a pandemia. >
Ainda, se alguém não estiver de posse do equipamento nas aulas previstas, a escola pode facilitar o uso do computador escolar para o grupo que necessitar ou promover pesquisas e trabalhos em duplas, superando a dificuldade. >
Certamente, a questão é complexa. Entretanto, apesar das diferentes manifestações e a diversidade de argumentos, cabe à escola encontrar, à luz de seu projeto educativo, uma solução para o impasse. A simples recusa da entrada do smartphone na escola pode revelar possível incapacidade da instituição na formatação para seu uso adequado, como limitação de datas e horários, elaboração de protocolos para o uso, atribuição de responsabilidades no caso de desobediência às regras, comunicação à família das diretrizes adotadas. >
Salienta-se, sobretudo, a formação de professores para eficácia da adoção, pois educadores devidamente preparados saberão explorar responsavelmente o recurso. Simplesmente proibir, é negar ao aluno o direito à alfabetização digital, para ultrapassar as meras habilidades recreativas desenvolvidas no ambiente doméstico. Por outro lado, colocar o uso sob condições e regras explícitas, é trazer para o currículo o exercício da responsabilidade no cumprimento de regras e convenções do ambiente escolar, análogas às sociais, absolutamente necessárias ao desenvolvimento socioemocional do aluno. Se o uso for direcionado, ético e restrito ao compromisso pedagógico, com permissões programadas, não há também o que temer em termos de queda nos resultados acadêmicos. >
Viviane Brito é CEO Villa Global Education>