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Cesar Romero
Publicado em 24 de julho de 2023 às 05:00
Cada pintor tem um interesse peculiar, e sabe lidar com mais desenvoltura com a forma, a linha e a cor. Elegemos hoje três artistas plásticos que escolheram a cor como destaque para suas produções: Henri Matisse, Alfredo Volpi e Archângelo Ianelli. >
Matisse (1869-1954) – Líder do fauvismo pretendia pintar no estado de graça de um selvagem ou de uma criança, superando assim sua formação acadêmica e tradicional. Em 1894, realizou com Albert Marquet pesquisas pictóricas, o espaço onde artista e arte se conectam. Matisse vinha da “arte linear”. As pesquisas pictóricas se baseavam na cor, gravidade, na ambientação, no arrebatamento emocional. Entre 1900 e 1904, suas obras estavam ocupadas com a cor e a construção. Em 1906, passou a liderar a rebelião dos fauvistas. O fauvismo foi uma tendência artística associada à pintura e tinha como característica principal o uso de cores puras. Foi o começo de sua maturidade artística. Assumindo o fauvismo, sua pintura tornou-se simplificada, seus recursos básicos eram a cor e as linhas. A independência da cor em relação ao desenho foi a característica do fauvismo. Em seus rascunhos, tinha os assuntos todos marcados de cores, com o nome e o número de cada cor. Não errava! >
Alfredo Volpi (1896 – 1988) - De sabedoria inata, as perfeitas potencialidades cromáticas e a intuição privilegiada fizeram deste artista o mais importante do Brasil. Volpi só olhava o que lhe interessava, daí, a sua imensa capacidade de permutar. >
O seu grande trunfo era a cor. Um dia, lhe perguntaram como ele fazia estas combinações e ele, simples, responde: “Eu coloco uma cor, depois outra e só pode ser esta outra!”. Não há conflito especialmente na cor. A cor em Volpi foi o sentido maior do seu fazer. Volpi não tinha sequer o curso primário, mas era de uma inteligência visual assombrosa. Volpi retirou de um retângulo um triângulo, criou uma bandeirinha e assim fez a maior parte de sua obra. >
Archângelo Ianelli (1922-2009) - Revelava grande síntese formal e uma gama de cores em tons rebaixados, que aos poucos foram clareando, limpando-se das nuvens até chegar à essência. >
As cores iluminaram sua pintura deixando-a delicada, reflexiva, usando a tela como suporte, tendo assim sua luz própria que a iluminava. Ritual mágico. Parte de tonalidades mais escuras e vai para tonalidades mais vibrantes da luz. Da luz de tons baixos, vai para a parte central iluminar-se com menor ou maior vibração. Puros campos de cor, emanações luminosas. Ianelli era um pintor requintadíssimo. O pintor, nos anos 70, deixou de mostrar as formas do mundo, buscando superfícies de cor no lirismo e no refinamento. >