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Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2013 às 08:32
- Atualizado há 2 anos
Em janeiro, o programa Mosaico Baiano, da Rede Bahia, terá um novo quadro, de dramaturgia, protagonizado pelo ator Ricardo Bittencourt. Com texto de Aninha Franco, direção de Fábio Vaz (do Mosaico) e da atriz Rita Assemany, o Chef Trotta dará receitas de culinária e cidadania. Com muito humor. Francês, ele vem a Salvador para fazer pós-graduação em gastronomia afro-baiana. “Ao chegar, fica encantado com a cidade, mas também assustado, com gente estacionando em lugar proibido, fazendo xixi nas ruas, colocando som alto e incomodando os outros...”, conta Sergio Siqueira, gerente de Criação da Rede Bahia. “Apesar disso, Trotta não abre mão de viver na Bahia, afinal, morar por aqui, segundo nosso chef, é uma lindeza”.Ricardo Bittencourt como o chef Trotta: quadro no MosaicoAliás...O baiano Ricardo Bittencourt, que tem passado mais tempo em Salvador do que em São Paulo, para onde se mudou há 13 anos, diz que está se “reapegando” à Bahia. Mas experimenta o mesmo estranhamento de seu personagem. “Impressiona a degradação cultural e a falta de educação, de cidadania... O trânsito é uma loucura. O motorista para no meio da rua para bater papo e, se você reclamar, pode levar um tiro; o som alto da academia ao lado invade a minha casa... Somos muito alegres, afetivos, mas falhamos na educação, no contato com o outro”, diz. Ele admite que já não tem mais a mesma empolgação do chef Trotta pela capital baiana. “Isso tudo abala o tesão de ficar. Mas não faz com que eu deixe de amar Salvador. O afeto pela cidade natal, pelos amigos, pela minha gente, é inabalável”. O quadro que ele protagoniza vai ao ar durante seis sábados, no Mosaico - de 4 de janeiro a 8 de fevereiro. Aninha Franco já trabalha em outro texto, que será dirigido por Bittencourt e estrelado por Rita Assemany, também para ser exibido na TV Bahia. “Esperamos que este seja o começo de uma longa parceria”. diz o ator.Boa mesa O Mar Aberto, tradicional e badalado restaurante de Arembepe, participará pela primeira vez do Tempero no Forte, festival gastronômico da Praia do Forte e arredores. Será o único representante do vilarejo - a aproximadamente 30 quilômetros de Salvador - na festa da boa mesa, que acontece entre 28 de novembro e 8 de dezembro. Nesse período, os restaurantes participantes elaborarão pratos especiais e receberão chefs de várias partes do país. Este ano, o evento, que vai para sua oitava edição, terá as carnes como tema. O Mar Aberto servirá steak ao molho de jabuticaba, criação do chef Jurandir Celestino. Em tempo: outras duas casas, de praias do Litoral Norte, também farão sua estreia no festival: Manguezal Eco Turismo, de Barra do Pojuca, e Casa de Dinha, em Açuzinho.África na telonaEm sua segunda edição no país, a mostra África Hoje, de documentários sobre temas ligados ao continente africano, chega a Salvador. A primeira foi realizada no Rio, em São Paulo e Porto Alegre. Serão exibidos, na Caixa Cultural, 18 filmes, realizados por cineastas de países como Senegal, Moçambique, Egito, Portugal e Inglaterra. Entre eles, o média-metragem Fahrenheit 2010, sobre o que significou para os sul-africanos a realização da Copa do Mundo em seu país. A película será apresentada no dia 30. O músico e cineasta Marco Abujamra, diretor da produtora Dona Rosa Filmes e idealizador da mostra, vem do Rio para a abertura, dia 26. Todas as sessões serão gratuitas.Quanto riso...A roqueira Thathi prepara um projeto com marchinhas de Carnaval, ao lado dos músicos Marcelo Quintanilha e Tenison Del Rey. O grupo, batizado de Os Marchistas, planeja invadir praças dos bairros mais pobres da cidade. No repertório, canções compostas pelos três e antigos sucessos como Mamãe Eu Quero, Cabeleira do Zezé e Me Dá Um Dinheiro Aí. “Também vamos transformar outros estilos musicais em marchinhas. Como a música Pelados em Santos, dos Mamonas Assassinas”, diz Thathi. “Vamos interagir com o público”. Dia 24, o trio fará a abertura do Baile do Bloquinho, comandado por Jau, no Hotel Pestana, no Rio Vermelho.Cena de Fahrenheit 2010, sobre a Copa do Mundo na África do Sul: na mostra África Hoje(Coluna com Priscila Borges)Por Telma Alvarenga“Procurei tanto as palavras certas, as respostas mais inteligentes, tive tanto medo de não ser brilhante – a mais brilhante – que acabei cometendo as maiores idiotices. Insegurança? Baixa autoestima? Vaidade? Perfeccionismo que revela uma faceta narcísica? Sei lá... Só sei que não consegui responder à mais prosaica das perguntas(...)”. Encontrei esse texto que escrevi numa agenda antiga, falando de um teste que fiz, há muitos anos, para um emprego. E fiquei lembrando de quantas vezes, com medo de errar - ou do que iam pensar de mim -, me sabotei. No colégio, na sala de aula, quando cogitava levantar o braço para dar uma opinião sobre o tema que estava sendo debatido, o coração disparava, as mãos tremiam... Terminava achando melhor me recolher à minha insignificância. Timidez, sim. Mas o que me intimidava? O medo do julgamento alheio. Sempre olhei para aquelas pessoas que não têm medo de dizer o que pensam com admiração. Elas defendem suas convicções com veemência, mesmo que ninguém concorde com elas, mesmo sob uma saraivada de ataques. Não que se achem o máximo ou que não estejam abertas a mudar de opinião, a rever seus conceitos, a relativizar. Inteligentes, sabem que exatamente por isso são boas as conversas. Mas, seguras de si, não temem os rótulos que possam lhes impor.Não estou falando daquelas pessoas cheias de certezas, que se acham as donas da verdade. Essas, longe de admiração, me provocam enfado. Desisto de discutir qualquer coisa quando percebo que o interlocutor não está nem um pouco interessado em ouvir. Quer apenas monologar, como se estivesse num palco, para mostrar como é brilhante, culto, simplesmente o máximo. Fala, fala e espera pelos aplausos. Experimente discordar dele. Vira ofensa pessoal. Irritado, vai tentar, de todas as formas, convencer você de que ele está certo. Aí, a conversa vira ringue. Já me peguei tentando convencer uma pessoa de que eu não era o que ela insistia em dizer que eu era, sim, senhora. “Já fui assim. Não sou mais, mudei, aprendi...”. Ela me fulminou com o olhar e disse: “Você não está é admitindo, mas é assim, sim”. Bom, já que é assim, saio de fininho, carregando minha trouxa cheia de dúvidas. E peço para tocar Raul: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.>