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Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2012 às 07:29
Paulo Roberto Falcão e Paulo César Carpegiani não têm apenas o primeiro nome em comum. Meio-campistas revelados pelo Internacional, escreveram parte de suas carreiras juntos. Na década de 70, colecionaram títulos e fizeram história no Colorado. Depois de pendurarem as chuteiras, escolheram seguir à beira do gramado na função de treinador. Cada um desviou seu rumo em algum momento. Falcão se tornou comentarista da Tv Globo. Carpegiani dirigiu seu próprio clube de futebol, o RS Futebol Clube. Esse ano, com as carreiras de treinador em baixa, assumiram os principais clubes da Bahia. As semelhanças entre os Paulos param por aí. Aqui em Salvador, eles estão enfrentando situações bem diferentes. Apesar das dificuldades da Série B, o Paulo rubro-negro encontrou na Toca boas condições para trabalhar. Antes dele chegar, a diretoria já tinha acertado na contratação de atletas como Dinei, Tartá, Pedro Ken, Eduardo Ramos, Michel e Victor Ramos. Além disso, o clube tem uma base entrosada. Jogadores como Gabriel Paulista, Uelliton, Marquinhos e Neto Baiano estão acostumados a atuar juntos e têm experiência na competição. Falta consistência às laterais, é verdade, mas Carpegiani já encontrou um elenco competitivo, com status de favorito ao acesso. Conseguir arrumar as peças de forma eficiente no tabuleiro das quatro linhas é responsabilidade dele. O maior desafio de Carpegiani talvez seja ter o controle do time fora de campo. E esse não parece ser o forte dele. Em apenas cinco rodadas, o técnico já comprou briga com atletas veteranos. Primeiro, desestimulou o contundido Wellington Saci ao declarar publicamente que resolveu o problema na lateral-esquerda: “Estávamos contratando um lateral, mas agora não precisa mais. Mansur é o titular”. Depois, colocou Uelliton no banco e deixou o capitão irritado. Aí até tudo bem. O técnico é quem escala e ele tem todo direito de fazer suas escolhas, mas nem relacionar Geovanni tendo quatro meias lesionados, é semear insatisfação...O Paulo tricolor usa de uma psicologia, ao meu ver, mais eficiente. Falcão faz questão de dizer que no seu elenco não há reservas e titulares. Mais do que manter todos estimulados, ele respeita seus atletas perante câmeras e microfones. Ao invés de ir a publico pedir contratações, como já fizeram muitos técnicos por aqui pra justificar os resultados em campo, prefere enaltecer a coragem e determinação dos jogadores que tem. Afinal, lugar de pedir contratação é na sala da diretoria. Falcão vem mantendo a elegância e os dirigentes tricolores a inoperância. Quando vão começar a contratar reforços para a Série A? A principal alegação é que não há dinheiro pra disputar grandes nomes com outros clubes. Concordo que a disparidade financeira é um entrave. Mas e aí? Vão esperar o campeonato chegar na metade pra buscar no desespero? Pra não voltar a chorar as lágrimas do rebaixamento, é preciso criar alternativas e buscar investidores. Os desconhecidos Lucas Fonseca, Alysson, Val, Diego e Elias podem render bons frutos, mas por enquanto são apenas apostas. O que causará mais prejuízo para o Bahia? Fazer um esforço e contratar três jogadores de peso ou voltar a disputar a Série B?O Paulo tricolor não tem varinha de condão e nem pode levar a culpa pela campanha preocupante que o Bahia vem fazendo nesse início de Brasileirão. No Campeonato Baiano, ele conseguiu dar cara ao time. O que tinha nas mãos era suficiente pra conseguir vencer o estadual. Mas a Série A é outra história... Ao contrário de Carpegiani, Falcão não ganhou de presente um elenco competitivo e mesmo sem varinha vai ter que fazer mágica. Na arquibancadaEssa semana, a amiga e titular Clara Albuquerque retorna da pré-temporada na Europa e reassume a posição no time de colunistas do CORREIO. Após um toque de letra, deixo ela de cara pro gol, saio de campo e corro pra arquibancada. Estarei na torcida! >