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Dom Sergio da Rocha
Publicado em 31 de julho de 2023 às 05:00
Dados extremamente preocupantes têm sido divulgados sobre a violência no Brasil, tendo a Bahia diversas cidades entre as mais violentas do país, de acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. Os dados estatísticos são sempre muito importantes, mas a realidade da violência e insegurança é bem conhecida e sentida pela população, especialmente, pelos mais pobres e vulneráveis. As vítimas da violência não podem ser reduzidas a números e estatísticas. São pessoas que tiveram a sua dignidade violada e a vida ceifada. Junto delas, há muitas outras pessoas e famílias dilaceradas pelo sofrimento, clamando por justiça e paz. >
Não podemos perder a capacidade de dizer “não” à violência, nas suas variadas formas e de promover a paz. A realidade da violência tem figurado de modo assustador nos noticiários, exigindo profunda reflexão sobre suas causas e a busca urgente de soluções. É preciso identificar as causas da violência e desenvolver políticas públicas eficientes para garantir a segurança e alcançar a paz. >
Não podemos achar normal que a violência passe a integrar o cenário de nossas ruas e casas, seja nas periferias sofridas das grandes cidades ou no interior do estado. A interiorização da violência tem sido um dado alarmante, atingindo duramente cidades do interior baiano, assim como ocorre em outras regiões do país.>
A construção da paz é tarefa coletiva, necessitando dos esforços de todos, de muito diálogo, de reflexão e de ação conjunta. A indiferença, o conformismo e o ódio não permitem a construção da paz. As diferentes posturas ideológicas no campo político não devem ser obstáculos para a paz. A política deve contribuir para a paz e não servir de obstáculo para alcançá-la. >
É urgente realizar um mutirão pela construção da paz, que inclua desde os gestos pequenos do cotidiano até as grandes decisões políticas em favor da vida, da justiça social e da segurança pública. A atuação dos governos e de órgãos públicos é de extrema importância para o enfrentamento da violência, com políticas públicas adequadas, com iniciativas no âmbito da segurança pública, no combate à criminalidade e na promoção da justiça social. As organizações da sociedade civil, escolas, universidades e as instituições religiosas podem contribuir muito, com iniciativas próprias e, sobretudo, com projetos coletivos, formando um verdadeiro mutirão pela paz.>
Necessitamos dizer, com determinação e coragem, “não” à violência, nas suas múltiplas formas, e “sim” à paz. Somos todos responsáveis pelo cultivo de uma cultura da paz na vida cotidiana, contando sempre com as iniciativas da sociedade civil organizada e com as ações governamentais que contribuam para a superação da violência e a edificação de uma sociedade fraterna e justa. Segundo a palavra de Jesus (Lc 5,9), são felizes, são “bem-aventurados os que promovem a paz”.>
Dom Sergio da Rocha, Cardeal Arcebispo de Salvador>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores>