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BDSM: entenda a prática sexual escolhida pelo jornalista Glenn Greenwald

Saiba o que se esconde por trás da sigla e por que a segurança, o bom senso e o consentimento são as palavras de ordem nesse universo de interação

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 5 de junho de 2025 às 17:20

BDSM
BDSM Crédito: Shutterstock

É comum que as letras BDSM soem como um mistério ou um tabu. Associadas a filmes e fantasias carregadas de estereótipos, essas práticas são, na realidade, um universo vasto e complexo de atividades sexuais e fetiches que envolvem uma alternância consensual de poder entre parceiros. Longe de “patológicas” - como muitas vezes são implicitamente representadas - as práticas BDSM são, em sua maioria, uma forma intencional, segura, carinhosa e consensual de explorar a sexualidade e expandir seus limites. Para alguns, é uma prática ocasional. Para outros, pode ser até um estilo de vida.

O que cada letra significa

  • B (Bondage): refere-se à restrição física de um parceiro, utilizando algemas, cordas ou outros métodos para limitar a liberdade de movimento. Pode incluir também restrições psicológicas, como o uso de regras para controlar o comportamento.
  • D (Disciplina): por meio de regras e punições previamente acordadas, um parceiro dominante exerce controle sobre o submisso. É parte fundamental do "Bondage e Disciplina", envolvendo restrições e jogo sensorial.
  • D (Dominância): o ato de exercer poder ou controle sobre um parceiro durante uma experiência sexual, demonstrando autoridade tanto na cama quanto em outros aspectos da relação.
  • S (Submissão): estar sob domínio ou submeter-se voluntariamente ao poder e controle do parceiro dominante, mostrando aprovação às suas ações e desejos.
  • S (Sadismo): o prazer que um parceiro sente ao infligir dor, humilhação ou sensações intensas ao outro, sempre dentro dos limites do consentimento.
  • M (Masoquismo): o prazer que um parceiro sente ao receber dor, humilhação ou sensações intensas, igualmente dentro de um contexto consensual.
  • SM (Sadomasoquismo): frequentemente combinados, sadismo e masoquismo referem-se à busca de prazer através da dor ou de sensações intensas, onde um inflige (sadismo) e o outro experimenta (masoquismo). A dor pode ser física ou emocional, e o prazer é subjetivo, variando de pessoa para pessoa. Mais uma vez, tudo consensual.

O Jogo de Poder Consensual: Top e Bottom, e a Regra SSC

No universo BDSM, os parceiros geralmente assumem papéis específicos: um é o Dominante (também chamado de Mestre ou Top), e o outro é o Submisso (Escravo ou Bottom). Essa dinâmica, conhecida como D/s (Dominância/Submissão), é vista como um desequilíbrio de poder inteiramente consensual. Embora o sadomasoquismo seja uma parte importante, o BDSM abrange um leque muito maior de práticas, como jogo de idade, jogo de gênero, jogo de impacto e jogo de papéis.

A fundação de tudo no BDSM, é a regra SSC: Seguro, Sã e Consensual. A comunicação é crítica, e o consentimento deve ser sempre explícito, nunca implícito. Antes de qualquer prática, uma conversa aberta sobre desejos, interesses, limites e fronteiras é essencial. Saber o que será e o que não será feito garante que ambos os parceiros estejam na mesma sintonia. Além disso, a segurança no uso de equipamentos é vital, pois a prática de bondage e o jogo de dor podem causar lesões se não forem manuseados com cuidado.

A Palavra de Segurança e o "aftercare": comunicação contínua

Outro aspecto fundamental da segurança é o estabelecimento de uma palavra de segurança – um termo pré-determinado que um parceiro pode usar para indicar desconforto e a necessidade de parar imediatamente. Se essa palavra for dita, todas as ações devem cessar na hora. Um sistema de comunicação adicional é o verde-amarelo-vermelho: verde para continuar, amarelo para atenção e cautela, e vermelho para parar.

Após uma sessão de BDSM, é comum e altamente recomendado praticar o "aftercare" (cuidados posteriores). Isso envolve cuidados mentais e físicos oferecidos para ajudar na transição suave para fora da cena. O aftercare reafirma o cuidado mútuo e suaviza o impacto de uma possível "queda", que é o esgotamento mental ou físico que pode ocorrer após a intensidade da sessão. Abraços, beijos suaves, palavras de afirmação, ou atividades relaxantes como um banho juntos, são algumas formas de cuidado. Uma conversa franca sobre o que funcionou e como cada um se sente também faz parte desse processo pós-cena.

Não é doença mental

Historicamente, o BDSM e o sadomasoquismo foram estigmatizados, por vezes até classificados como transtornos mentais. Contudo, pesquisas mais recentes vêm desafiando essas visões. Estudos indicam que o BDSM consensual pode induzir um estado de consciência alterado, similar ao que se busca na terapia, reduzir o estresse (diminuindo os níveis de cortisol) e aumentar os sentimentos de conexão e intimidade entre os parceiros. Muitos veem a prática como uma forma de libertação, uma exploração da confiança e um espaço seguro para encenar fantasias de submissão, vulnerabilidade e controle. Ou seja, o BDSM consensual é considerado por muitos como saudável, consciente e profundamente gratificante. Quer dizer, é só questão de gosto mesmo.

Siga no Instagram: @flaviaazevedoalmeida