Cacau baiano encerra 2023 com valorização de 56%

Nos primeiros meses de 2024, trajetória de alta se mantém graças a demanda elevada

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 28 de março de 2024 às 17:42

Bahia e Pará lideram produção de cacau no Brasil Crédito: Donaldson Gomes/ARQUIVO CORREIO

Véspera de Páscoa e a notícia pode não ser das melhores para quem aprecia um bom chocolate, ainda que represente um alento para os produtores. O cacau brasileiro vendido em Ilhéus registrou uma alta de 56% no ano passado, de acordo com dados do Panorama do Mercado de Cacau, produzido pelo ItaúBBA. E o ciclo de valorização do produto persiste nos primeiros meses de 2024, impulsionado pela demanda aquecida no mercado internacional, com uma alta de 22% no mercado de Ilhéus.

Na Bolsa de Nova Iorque, principal espaço para comercialização da commoditie agrícola, a valorização nos preços do produto foram de 63% em 2023 e de 22% nos primeiros meses deste ano.

Segundo o Panorama, fatores climáticos estão impactando a produção em países africanos, responsáveis 70% de todo o fruto colhido no mundo. O Brasil é apenas o sexto maior produtor mundial, apesar de ser o primeiro fora da África.

A Costa do Marfim, principal produtor global, sofreu com um clima mais seco em 2023. Depois, veio um período com excesso de chuvas para o país, o que contribuiu para a proliferação de doenças do cacaueiro, principalmente a do broto inchado e agora, o El Niño, que impõe clima mais seco e mais quente para a região.

Outro fator climático, apontado pelo estudo, que têm prejudicado a produção dos países da África Ocidental é a movimentação dos ventos Harmattan. Tratam-se de ventos secos e frios que varrem toda a costa ocidental africana durante os meses de dezembro a março e que estão atuando com forte intensidade nessa temporada.

O mercado espera chegar na safra atual ao terceiro período consecutivo de uma demanda mais aquecida que a oferta, algo que aconteceu pela última vez em 1969.