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Editorial
Publicado em 9 de maio de 2025 às 07:26
Alunos das escolas municipais de Pedrão, cidade a apenas 30 quilômetros de Alagoinhas, ficaram sem aulas nesta semana após as chuvas deixarem as estradas intransitáveis. Em um município com cerca de 1.500 estudantes, sendo 60% deles moradores das comunidades mais afetadas, a interrupção das aulas escancara um problema antigo e recorrente: a negligência com a infraestrutura básica. >
As estradas vicinais que ligam essas comunidades às unidades escolares ficaram intrafegáveis. Em diversos trechos, a lama e os buracos não só impediram o tráfego como colocaram em risco a vida de alunos, motoristas e demais usuários do transporte escolar. >
De acordo com a prefeitura, a situação foi tão crítica que foi preciso suspender as aulas para garantir a “preservação da vida e da integridade física de todos”. Uma medida necessária, mas que escancara o descaso com o qual essas estradas vêm sendo tratadas - ou melhor, ignoradas - pelo governo do estado, liderado pelo professor Jerônimo Rodrigues.>
É lamentável que estudantes ainda sejam impedidos de frequentar a escola por falta de acesso. A verdade é que as escolas públicas baianas já enfrentam cotidianamente a precariedade: estruturas deterioradas, calendário instável, escassez de investimentos e desvalorização dos profissionais da educação. Quando chove, a crise se agrava. >
A Bahia não conseguiu atingir a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), como mostrou o último levantamento nacional. Em vez de avançar, patina. É ainda mais estarrecedor que isso aconteça em um estado governado por alguém que se apresenta como educador. E cada aula perdida por causa da precariedade das estradas aprofunda ainda mais esse fosso educacional.>
O estado está atolado. Literalmente. Mas mais grave do que a lama nas estradas é o lamaçal da omissão. Falta de planejamento, de investimento e, sobretudo, vontade política de enfrentar os problemas com seriedade. Os baianos não precisam de discursos otimistas diante de tragédias anunciadas. Precisam de estradas transitáveis, escolas funcionando, proteção civil estruturada e um governo que antecipe as crises em vez de lamentar os estragos depois que eles já aconteceram.>