Divisão na cúpula do PCC é novo desafio para a Segurança Pública

Racha entre líderes facção pode aumentar número de rebeliões em presídios e de mortes nas cidades, inclusive na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Flavio Oliveira
  • Flavio Oliveira

Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 16:00

Marcola, o líder mais conhecido do PCC, teve a morte encomendada por ex-comparsas Crédito: PAULO LIEBERT/ESTADÃO CONTEÚDO

O Barril de pólvora dos presídios brasileiros acaba de ganhar mais um estopim. A maior facção criminosa do país, o PCC, passa por uma crise histórica que opõe suas principais lideranças. As autoridades tentam entender a profundidade e as consequências do racha ao mesmo tempo em que a segurança “máxima” dos presídios federais foi posta à prova com a fuga de dois detentos condenados por homicídio e tráfico de drogas.

As prisões brasileiras sempre foram classificadas como escolas do crime. Seja pelas condições subumanas de encarceramento – celas superlotadas e insalubres, torturas, inexistência de ações de ressocialização, etc. -, seja pela mistura no mesmo espaço de presos de alta e baixa periculosidade (negros em sua maioria, sem acesso à educação ou trabalho, usuários de drogas e que muitas vezes roubaram um pote margarina ou um celular para ter o que comer ou alimentar o seu vício). Estes, sem perspectiva de futuro, são facilmente cooptados pelos de alta, hoje representados por traficantes e homicidas ligadas às facções.

As duas maiores organizações criminosas do país nasceram dentro dos presídios. E lá permanecem. Cada novo preso é um soldado em potencial do Primeiro Comando da Capital (PCC), paulista, ou do Comando Vermelho (CV), carioca. De suas celas, os líderes das facções têm acesso ao lucro dos crimes e encomendam a morte de desafetos. Os dois grupos seguiam um pacto de não agressão, rompido em 2016. Desde então, PCC e CV vivem em guerra pelo controle do tráfico de drogas no país. A disputa envolve pequenos e médios grupos locais, que recebem armas, dinheiro e missões de conquistar territórios e aniquilar adversários.

A divisão do PCC em dois ou mais grupos aumenta a complexidade do cenário, pois pode colocar novos atores nessa disputa e criar novas ondas de violência e mortes em todo o Brasil.

Uma gravação com uma inconfidência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, o mais conhecido líder da facção paulista, o coloca de um lado. Do outro estão outras lideranças da mesma organização criminosa: Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. Em uma conversa com um agente penitenciário, Marcola chamou Tiriça de “psicopata”, revelando que o então comparsa mandou matar uma psicóloga. A conversa vazou e foi usada no júri que condenou Tiriça.

O mesmo áudio foi analisado por outros integrantes da cúpula do PCC, que consideraram que Marcola não fez nada de errado. “Absolvido”, ele expulsou Tiriça, Vida Loka e Andinho do PCC e "decretou" os três. Na linguagem do crime, decretar significa encomendar a morte. Mas a base e alguns líderes da facção, no entanto, consideram Marcola um traidor. E ainda questionam o preço e a energia gasta em planos de tentativas de fuga do capo que incluem sequestros de autoridades. Esse grupo estaria ligado a Tiriça, Vida Loka e Andinho. Os três, da mesma forma, “decretaram” Marcola, informando que é o rival que está expulso do PCC.

Detalhe importante: Marcola, Tiriça, Vida Loka e Andinho estão presos na Penitenciária Federal de Brasília. Há o temor de que em um banho de sol, por exemplo, eles acabem entrando em um conflito físico que resulte em morte. Há ainda o temor, capitaneado pelo Ministério Público de São Paulo, que a divisão do PCC crie grupos inimigos, que vão guerrear entre si e com outras quadrilhas, dentro e fora de presídios de todo o país.

Inclusive, a fuga de dois prisioneiros de outra penitenciária federal, a de Mossoró (RN), enfraquece o conceito de segurança máxima associado a esses presídios. Em tese, os presos em uma das cinco unidades federais não se comunicam e tomam banho de sol em horários separados, sendo monitorados 24 horas por dia, sete dias por semana.

Na Bahia, o PCC se associou ao Bonde do Maluco, a quem fornece armas e drogas. Informações do Sindicato dos Servidores da Polícia Penal do Estado da Bahia dão conta de que uma ala do Conjunto Penal de Feira de Santana é composta apenas por prisioneiros ligados ao PCC. O CV tem grupos aqui, dentro e fora dos presídios. A guerra é sangrenta e a política de segurança pública não tem dado conta desse desafio.

Espera-se mudanças. Que nossas autoridades privilegiem o uso da inteligência, se antecipem aos movimentos dos criminosos e se preparem para cada cenário, garantindo a tranquilidade dos cidadãos, o direito de ir vir de comunidades e a vida de inocentes.

Meme da Semana

null Crédito: ~reprodução da internet

Nunca foi tão fácil entrar em forma, conquistar o corpo com que sempre sonhou, comendo de tudo, sem esforço ou academia. Só alguns minutos por dia e pronto! Nunca mais brigue com o espelho ou perca dinheiro com dietas que não funcionam. Use um editor de imagens e pronto.

Fake news trazem riscos à saúde

As fake news políticas ganham mais holofotes, mas elas são ainda mais perigosas quando relacionadas a temas de saúde. Nesta semana, dois conteúdos do tipo viralizaram nas redes sociais.

Um deles foi postado pela tiktoker espanhola Suama Fraile. Ela se intitula como “conselheira metafísica” e disse que pinga urina nos olhos para curar estigmatismo e miopia. “Pingar urina nos olhos de manhã e à noite me curou do astigmatismo e da miopia. Isso é natural, esqueça os medicamentos, eles são químicos e afetam a saúde”, disse, conforme citação feita em reportagem de O Globo.

O tratamento não tem base científica e, por isso, não é reconhecido pela medicina. Oftalmologistas afirmam que as doenças só são efetivamente combatidas com Óculos, lentes de contato e cirurgia refrativa.

Há alguns anos, jovens colocaram a visão em risco ao pingar gotas de limão e olhar diretamente para o sol. Segundo orientação de um outro influencer, as pessoas conseguiriam mudar a cor dos olhos com esse procedimento.

O segundo conteúdo, também divulgado pelo TikTok, uma rede social usada majoritariamente por jovens e adolescentes, recomenda o uso de dipirona por três semanas seguidas para tratar dores causadas pelo rompimento de um caso amoroso. Não existe indicação médica para o uso da dipirona para uma dor social (como a causada por rompimentos amorosos).

O uso indiscriminado do medicamento causa efeitos colaterais como: alergia, desconforto abdominal, queda da pressão arterial, dificuldade para respirar, arritmia cardíaca e, mais raramente, agranulocitose (alteração sanguínea caracterizada pela diminuição das células de defesa do corpo).

Mais lidas do site entre 16 e 22 de fevereiro

1ª) Marido de Ivete Sangalo revela rotina matinal da esposa: 'Metade de um limão com copo d'água'.

2ª)A solidão de Geraldo Jr. no Carnaval, a resistência do PT e o novo empréstimo de Jerônimo.

3ª) Oito trios elétricos são notificados por superlotação no Carnaval.