Inteligência Artificial ressuscita mortos e também te dá um namorado melhor

Aplicativos permitem que usuários se relacionem com o par ideal e façam perguntas aos parentes que já fizeram sua passagem

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 16 de dezembro de 2023 às 16:00

Tecnologia leva apps a disputarem mercados criados pela solidão e pelo luto Crédito: shutterstock

Enquanto governos de todo o mundo batem cabeça sobre como regular o uso da Inteligência Artificial (IA) sem que isso interfira no desenvolvimento da tecnologia, empresas continuam correndo para ganhar o máximo que puderem, criando usos e costumes com a ferramenta sem se preocupar para questões éticas, religiosas ou sociais. O maior temor entre especialistas – e mesmo de integrantes das big techs – é que as máquinas sejam superiores aos humanos e com isso terminem por nos substituir neste planeta. O perigo é real e está mais próximo que imaginamos. Tudo bem que não é muito difícil ser melhor que muitos homens.

Que o diga Dong, uma chinesa de 28 anos. Ela foi entrevistada pela RFI (Rádio França Internacional) para uma reportagem sobre o sucesso que os aplicativos de namorados ou namoradas virtuais fazem naquele país. "Eu sei perfeitamente que ele não é real. Mas ele é muito melhor do que meu namorado anterior", garantiu. "Meu namorado virtual sempre tem palavras bonitas para mim e não me dá nenhum problema. Também gosto de ouvi-lo contar sobre as coisas engraçadas que acontecem em seu dia. É como um relacionamento ideal", completou, conforme versão do texto publicado no Brasil pelo UOL.

Os aplicativos que lideram o disputado mercado chinês de amores virtuais permitem uma personalização completa do parceiro ou parceira. Tipo de cabelo, cor dos olhos e da pele, formato do nariz e do rosto e timbre da voz podem ser escolhidos antes da primeira interação. Outras vantagens descritas pelos usuários: as mensagens são respondidas de imediato, o parceiro ou parceira virtual está sempre de bom humor, é educado (a) e carinhosos (a) e trata cada usuário como a pessoa mais importante da vida dele ou dela (do app).

Ainda: é fácil romper. É só deletar o perfil e criar outro. Foi o que fez, segundo a mesma reportagem, a influenciadora Anniesu ao enjoar de um namorado digital, que, explicou, a chateava porque só queria comer fast food.

A China passa por delicado momento econômico, reflexo da crise imobiliária e do pós-pandemia, especialmente na criação de postos de trabalho para juventude, acirrando ainda mais a disputa por vagas e pressões por boas notas. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS), a taxa de desemprego entre os jovens de 16 e 24 anos atingiu um recorde histórico de 21,3% em julho.

"Para ser sincero, não tenho muito tempo livre para procurar uma namorada. Com a XiaoIce (outro aplicativo do gênero), é muito fácil", diz Liu Xin, um estudante universitário de 24 anos que estuda economia em Xangai.

A solidão não é a única dor explorada por chatbots de inteligência artifcial. Outras são saudade e luto. Nos Estados Unidos, o HereAfter AI faz com que vivos conversem com mortos. Para isso, o usuário usa o aplicativo para fazer entrevistas (com perguntas tipo “conte-me sobre sua infância” e “qual foi o maior desafio que você enfrentou?”) com o parente ainda vivo. Após a morte, a ferramenta é capaz de reproduzir a voz do entrevistado e, com base nas respostas dadas anteriormente, criar frases que poderiam ser ditas por ele.

A endocrinologista Stephenie Lucas Oney, de 75 anos, é uma das usuárias do HereAfter AI. Ouvir a voz de seu pai, com as lições de vida que ele ainda pode passar, lhe conforta. E também permite que seus filhos aprendam com o avô, William Lucas, um homem negro que ganhou a vida como policial, agente do FBI e juiz. “Quero que as crianças ouçam todas essas coisas na voz dele, do ponto de vista dele”, falou Stephenie em matéria do New York Times republicada pelo Estadão.

Outro app do tipo é StoryFile, que vai ainda mais longe e produz vídeos interativos nos quais os perfis (mortos) parecem fazer contato visual, respirar e piscar enquanto respondem às perguntas (dos vivos).

Como em outras inovações de IA, os chatbots criados à semelhança de alguém que morreu levantam questões éticas. Para Alex Connock, membro sênior da Saïd Business School da Universidade de Oxford, em última análise, trata-se de uma questão de "consentimento". "Como todas as linhas éticas da IA, tudo se resume à permissão. Se você fez isso de forma consciente e voluntária, acho que a maioria das preocupações éticas pode ser contornada".

Os efeitos sobre os vivos, contudo, são menos claros. David Spiegel, presidente associado de psiquiatria e ciências comportamentais da Stanford School of Medicine, disse que programas como o StoryFile e o HereAfter AI podem ajudar as pessoas a se recuperarem, como se estivessem vendo um álbum de fotos antigo. “O fundamental é manter uma perspectiva realista do que você está examinando - que não é que essa pessoa ainda esteja viva, se comunicando com você, mas que você está revisitando o que ela deixou”, falou.

Morte de cantor em show: casos de infarto em jovens crescem 59% no Brasil

null Crédito: Divulgação

A morte do cantor gospel Pedro Henrique, de 30 anos, na quinta (14), quando se apresentava em um show na cidade de Feira de Santana, embora ainda não tenha a causa confirmada, é mais uma a chamar a atenção para o aumento no número de óbitos de jovens por infarto no Brasil. Mais associados a idosos, os casos de infarto em pessoas com menos de 40 anos aumentaram 59% entre 2010 e 2019, segundo informa o Ministério da Saúde.

A mudança de faixa etária se deve, segundo especialistas, ao estilo de vida pouco saudável adotado nas últimas décadas, incluindo, entre outros aspectos, sedentarismo, tabagismo e má alimentação (maior consumo de alimentos industrializados). Outra mudança no perfil das doenças coronarianas no país é que elas estão atingindo mais mulheres. O Brasil registrou aumento de cerca de 62% nas mortes de mulheres de 15 a 49 anos por infarto entre 1990 e 2019. Na faixa etária de 50 a 69 anos, o número quase triplicou. Esses dados são da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Os sintomas de um ataque cardíaco nos jovens são diferentes dos que acometem os pacientes com idades avançadas e incluem sudorese fria (suor em excesso); mal-estar; náuseas e vômitos.

A prevenção deve ser feita com medidas como mudanças no estilo de vida, evitar consumo de álcool e cigarro, praticar exercícios físicos regularmente e ter uma alimentação balanceada.

Meme da semana

null Crédito: reprodução internet

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