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Da Redação
Publicado em 4 de março de 2012 às 11:20
Nem só de doces e ótimas comidas vivem monges e freiras. Os monastérios e as abadias, desde a Idade Média, são responsáveis pela produção de bebidas que mudaram os hábitos da humanidade. Não sou especialista em cervejas, mas foi São Arnold, um beneditino belga, do século XI, que fez os fiéis trocarem a água por cerveja e evitou assim que centenas de pessoas continuassem a morrer por epidemias. >
Para produzir cerveja, a água tinha que ser fervida. Mas a cerveja já era conhecida muito antes. A mais antiga receita do mundo é a da cerveja. Foi descoberta por arqueólogos na Mesopotâmia, gravada numa placa de gesso. >
Foi outro monge beneditino, Don Perignon, o responsável, em 1670, pela produção da primeira champagne do jeito que até hoje é bebida no mundo todo. Comer bem também era preocupação dos monges e padres. Lembra da frase: “Comi igual a um padre”? Pois era assim mesmo. De qualquer forma, as receitas dos doces chegaram até os dias de hoje. As receitas das comidas não são tão fáceis de encontrar. Mas os monges descobriram a maneira de preparar comidas em grandes quantidades. Não só para os religiosos, mas também para servir aos visitantes que procuravam abrigo nos monastérios.FOGO Você certamente dirá: mas a grande descoberta que possibilitou toda a revolução na cozinha foi o fogo. O fogo assou os primeiros animais, até então abatidos e comidos crus. Para assar e cozinhar as caças, o fogo ajudou a desenvolver utensílios. Domados o ferro e a arte da cerâmica, surgiram os primeiros fogões bem primitivos. Nos monastérios, os monges criaram os fogões coletivos. Inteligentes esses beneditinos, você também pensará. Inventaram a champagne, melhoraram a cerveja e ainda contribuíram com centenas de receitas de doces e ajudaram até a desenvolver a agricultura. Com certeza! Os beneditinos, ordem criada por São Bento, aliavam - e aliam até hoje - trabalho e orações. Foram os grandes protetores do conhecimento clássico, ao manter e conservar suas imensas bibliotecas e copiar essas obras para outros mosteiros. Eles também ajudaram a desenvolver a agricultura com novas técnicas e novas culturas. Depois deles, um grande incentivo à gastronomia veio com o Renascentismo italiano. Os duques espalharam a cultura de comer bem pela Europa toda. E os franceses devem muito de suas apuradas técnicas e receitas à rainha Catarina de Médicis. Ao longo do tempo, muitos escritores ou cozinheiros registraram, ainda que de forma muito precária, os costumes gastronômicos de diversos povos. Já se sabe, com certeza, que o mel, frutas frescas e secas, caças e especiarias eram muito usadas. Por isso, hoje você tem a oportunidade de conhecer uma receita histórica. Foi desenvolvida na Abadia de Saint-Sulpice, na região de Bresse, na França, por volta de 1590. O prato foi criado para homenagear a rica marquesa de Valromey, Diane de Châteaumorand (1560-1625). O primeiro marido dela, Annet D´Urfé, pediu o divórcio para ser ordenado padre. Ela então casou com o cunhado, Honorè D´Urfé. Conta a história que Diane gostava muito de caçar e era uma boa especialista na arte culinária de caças.A receita fica muito mais saborosa se for feita de um dia para outro. Aí, deixe para finalizar com o fígado e o sangue só na hora de servir.>