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Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2013 às 07:37
- Atualizado há 2 anos
O pão, os pães, o croissant. E a manteiga. E as geleias. O café da manhã tomado sem pressa debaixo de uma árvore vendo o tempo passar no mesmo ritmo das figueiras centenárias. Porque o tempo não muda, nós é que andamos com pressa demais.Os croissants, por exemplo. Foram os franceses que popularizaram o pãozinho folhado no mundo todo. Mas o croissant (meia-lua) foi criado pelos padeiros vieneses. Conta a lenda que na Batalha de Viena, em 1683, os padeiros ouviram as tropas otomanas escavando um túnel para invadir a cidade. Deram o alarme, impediram o ataque e criaram o pão folhado em formato de meia-lua, que era um dos símbolos estampados na bandeira otomana. A rainha Maria-Antonieta, de origem vienense, levou o croissant para a França, por volta de 1770. Virou tradição no café da manhã. Há bons croissants em algumas padarias do Brasil, principalmente em São Paulo. Mas não é tão fácil encontrar um croissant como deve ser. Há três erros básicos - gorduroso, quando feito com manteiga de baixa qualidade, doce demais, por excesso de açúcar, ou massudo demais, por excesso de farinha. Esses você acha fácil.>
Pães são para serem degustados sem pressa, com manteiga e geleias, como oscroissants, por exemplo. A iguaria criada em Viena e popularizada pelos franceses é o tema da colunaFazer um croissant crocante, dourado, de massa levemente doce, aereada, leve, não é fácil. Precisa muita paciência, farinha, manteiga, leite, sal e fermento e ovo para pincelar. A qualidade faz toda a diferença. Na França, e na maioria dos países europeus, o croissant é perfeito. Seja nas padarias mais tradicionais ou nas mais simples. Em Salvador, é raro achar o pãozinho como manda a receita vienense ou francesa. O defeito mais frequente é o excesso de farinha. A maioria dos croissants que comemos aqui tem massa demais. Há uma boa exceção. A Avignon, que produz os macarrons que estão conquistando clientes no Shopping Barra, abriu uma boulangerie na Pituba. E fabricando pães excelentes. O pão de Miche, produzido em unidades de 600 g, é ótimo. Mesmo depois de três dias, bastam cinco minutos no forno para que a massa recupere a característica original. As baguettes também são deliciosas, assim como os pães integrais de avelã ou passas. Mas a surpresa, grande surpresa, é o croissant. Finalmente há um croissant digno dos padeiros vienenses em Salvador. Levemente doce, crocante, dourado, leve, saboroso. Sobre os croissants, “eles são folhados com manteiga e cada lote de massa leva ao menos três dias para ficar pronto para ser fermentado e forneado. Como moramos numa cidade com clima muito quente, considerando o uso da manteiga e não de gordura vegetal, a temperatura influencia diretamente na qualidade da folhagem, fazendo com que eu tenha, ou um croissant com miolo leve, crocante e ‘florido’, ou um croissant ‘solado’ e duro’”, explica a chef da Avignon, Liane Cândido. O único problema é ter que atravessar a cidade, enfrentar o trânsito para buscar o pão. A boulangerie já está entregando alguns na loja do Shopping Barra. Mas o transporte, o tempo no trânsito e o clima podem interferir na qualidade. É fundamental encontrar uma maneira de trazer o croissant para esse lado da cidade. De preferência com o pain au chocolate. Usando a mesma massa, com o recheio de chocolate meio amargo, o pain au chocolate é ótimo também. Com o croissant e uma xícara de um bom café com leite, é um trio imbatível. Tomara que continue chegando sempre assim ao café da manhã.>
RECEITA(Receita Olivier Anquier)40 unidades de 50 g cadaIngredientesDetrempe (massa antes de ser folhada):1 kg de farinha de trigo comum540 ml de água gelada80 g de açúcar1 pitada de sal30 g de fermento biológicoFolhagem500 g de manteiga sem sal, geladaPreparo1ª etapa Massa (detrempe)Siga o passo a passo básico da massa do pão. Quando terminar a oxigenação da massa, guarde-a na geladeira por 12 horas para bloquear o processo de fermentação e resfriá-la.FolhagemAchate a manteiga formando um quadrado; retire a detrempe da geladeira e abra-a com um rolo, dando o formato de uma estrela; deixe o centro da estrela mais alto, como se fosse um calombo e as pontas finas; coloque um quadrado de manteiga no meio; feche as abas sobre a manteiga, como um envelope; cubra completamente a manteiga com as pontas da massa; abra a massa novamente, com o rolo, até formar uma tira larga e comprida; levante uma das pontas da massa e dobre-a até o centro; dobre a outra ponta por cima; leve a massa à geladeira e deixe por mais 10 minutos; em seguida, estique novamente a massa e dobre-a, resfriando a massa na geladeira por 10 minutos entre cada operação. Estique a massa pela última vez e corte a tira larga ao meio, formando duas tiras iguais, e corte cada tira em triângulos; coloque a ponta do triângulo na sua direção e enrole com as duas mãos sem apertar demais. Arrume os rolinhos na assadeira e pincele a parte de cima com ovo batido. Deixe crescer por 1 hora e meia; pré-aqueça o forno a 250° e asse os croissants, sem vapor, por 15 minutos; retire do forno e deixe resfriar em cima de uma grelha ou numa cesta de vime. Dica: sem o cuidado de resfriar a massa entre as últimas dobras, a manteiga ficará muito quente e desandada, o que prejudica a folhagem da massa e dificulta o trabalho.>